As melhores atrizes de 2017


Não faltaram desempenhos marcantes entre as atrizes no ano de 2017 - e olha que muita coisa ficou de fora porque infelizmente não tivemos tempo hábil para conferir. O nosso Listão hoje é delas, das atrizes!

Elencamos as interpretações femininas que mais nos marcaram no ano que está nos deixando e a lista é formada por alguns dos trabalhos mais memoráveis do grupo de mulheres que a protagoniza. Como os demais grupos do nosso Listão, foram escolhidos trabalhos que chegaram no circuito comercial brasileiro em 2017 em quatro categorias: protagonistas e coadjuvantes no cinema (5 nomes cada), jovens atrizes em filmes (3 nomes) e atrizes de série, minissérie ou filme feito para TV ou streaming (3 nomes). Portanto, nada de filmes exibidos em festivais, por exemplo. O intuito é compor uma seleção a fim de que vocês, nossos leitores, tenham a possibilidade de conferir esses trabalhos antes que o ano acabe, dado o alcance de todos, afinal, muitos já estão disponíveis em serviços de streaming e aluguel como a Netflix e o Net Now ou mesmo em DVD e Blu-ray.

Entre revelações de 2017 e veteranas oscarizadas, aqui estão as nossas preferências entre os desempenhos femininos do ano que está nos deixando:

As protagonistas



5º lugar
Nicole Kidman | O Estranho que Nós Amamos
como Martha Farnsworth


Sofia Coppola convidou pessoalmente Nicole Kidman para o papel principal de O Estranho que Nós Amamos, não um remake, mas uma segunda adaptação do romance de Thomas Cullinan. Segundo a cineasta, Kidman seria a escolha ideal pelo senso de humor negro, tendo como principal referência o trabalho da atriz em Um Sonho sem Limites, de 1995. No entanto, eu diria que na pele diretora do internato de meninas na Virginia durante a Guerra Civil americana, Kidman adicionou uma certa frieza, desejos reprimidos pelas convenções de uma época e toda a fúria e instinto de proteção de uma mulher que coloca em primeiro lugar a proteção das suas meninas. A sra. Martha Farnsworth de Nicole Kidman age por proteção e sobrevivência e não por vingança. E Kidman faz isso com algo que somente ela consegue expressar com muita economia, sem o uso de palavras, mas com gestos, olhares, reações... Perfeição. 




4º lugar
Daniela Vega | Uma Mulher Fantástica
como Marina Vidal

A vida de uma mulher trans e os preconceitos que a mesma acaba enfrentando quando seu companheiro acaba falecendo são dimensionados com muita sensibilidade por Daniela Vega em mais um contundente drama de Sebastián Lelio centrado numa emblemática personagem feminina. Vivendo numa espécie de redoma até o ocorrido, Marina se depara com a transfobia velada de nossa sociedade na medida em que enfrenta a ex-esposa, os filhos, os médicos e servidores do estado conforme vai lidando com as burocracias típicas do caso. Diante de intensos testes emocionais para sua personagem, a performance de Vega é cuidadosa e profunda na revelação das suas complesxas emoções, sem tender para afetações de um "dramalhão latino".



3º lugar
Florence Pugh | Lady Macbeth
como Katherine

Esta leitura interessante do clássico de Shakespeare coloca a personagem Lady Macbeth no centro das atenções quando escala a jovem revelação Florence Pugh como Katherine, uma jovem que, como tantas da sua época, se vê sem perspectivas e tolhida dos seus desejos quando se amarra a um casamento arranjado. No lugar de se conformar e reprimir seus desejos, a protagonista da interessante estreia em longas de William Oldroyd cria oportunidades para tornar seu futuro mais favorável. Fria na execução dos seus atos e movida por sentimentos muito fortes, seja a paixão, o ódio ou o instinto de sobrevivência, Katherine é uma das personagens mais fascinantes do ano, assim como sua trajetória cheia de provações em Lady Macbeth



2º lugar
Viola Davis | Um Limite entre Nós
como Rose Maxson

Vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante por seu desempenho em Um Limite entre Nós, Viola Davis só ganhou os prêmios da temporada de premiações passada nesta categoria por uma estratégia de candidatura do estúdio, afinal Rose Maxson é tão central para a história do filme de Denzel Washington quanto seu marido Troy Maxson. A força e dignidade com que Davis enche a tela quando está dando vida à Rose são elementos pulsantes de Um Limite entre Nós, da mesma forma como era sua presença em Histórias Cruzadas. Um Limite entre Nós não nos exibe nada que já não soubéssemos: Viola Davis consegue dar conta de qualquer personagem e dos intensos testes emocionais pelos quais eles passam na tela. Não resta dúvidas, esta é uma das interpretações mais fortes de toda a sua carreira. 



1º lugar
Natalie Portman | Jackie
como Jacqueline Kennedy

Praticamente desaparecendo em Jackie ao assumir a pele da icônica ex-primeira dama americana Jacqueline Kennedy, Natalie Portman domina um filme que pretende, antes de qualquer coisa, ser um estudo de personagem e um exercício de reflexão sobre a vivência do luto em público. Portman está impecável nos momentos em que interpreta a tensa Jackie Kennedy performando para as câmeras a sua persona referencial de primeira dama dos EUA e como, publicamente, todos esperariam que alguém com seu posto agisse nos trâmites do sepultamento do marido, mas também quando a personagem se desmonta na intimidade e demonstra toda a sua fragilidade como uma mulher que está enterrando o companheiro de anos e acaba de vivenciar um ato de extrema brutalidade. As cenas que simulam em imagens de arquivo a apresentação da Casa Branca por Kennedy é só a ponta do iceberg para aquela que vem a ser uma das melhores interpretações da carreira de Portman, que, assumo, já devia ter aparecido nessa posição em nosso Listão quando fez Cisne Negro


Escolhas anteriores
Isabelle Huppert, Elle (2016)
Regina Casé, Que Horas Ela Volta? (2015)
Paulina Garcia, Glória (2014)
Emmanuelle Riva, Amor (2013)
Charlize Theron, Jovens Adultos (2012)
Juliette Binoche, Cópia Fiel (2011)
Giovanna Mezzogiorno, Vincere (2010)
Kate Winslet, Foi Apenas um Sonho (2009)
Nicole Kidman, Margot e o Casamento (2008)
Marion Cotillard, Piaf: Um Hino ao Amor (2007)
Meryl Streep, O Diabo veste Prada (2006)

As coadjuvantes



5º lugar
Michelle Williams | Manchester à Beira-Mar
como Randi Chandler

A participação de Michelle Williams em Manchester à Beira-Mar é menor que a de seus colegas na história. No entanto, como a ex-esposa do protagonista interpretado por Casey Affleck, Williams participa de uma das cenas mais cortantes do ano na qual ela e o personagem do ator tentam fazer um balanço das consequências que uma tragédia do passado causou na vida e no relacionamento dos dois. O resultado é de partir o coração e sintetiza a sensibilidade do filme na condução da redenção do seu atormentado protagonista. 



4º lugar
Michelle Pfeiffer | Mãe!
como "A mulher"


Cinco anos de pausa e a diva Michelle Pfeiffer retorna ao cinema numa performance arrasadora no enigmático e polêmico Mãe!, de Darren Aronofsky. Pfeiffer vive o elemento desestabilizador da paz que reinava no lar do casal interpretado por Jennifer Lawrence e Javier Bardem. Provocadora e tomada pela inveja, a esposa do médico que se hospeda na casa do casal mina pouco a pouco a segurança e a serenidade da protagonista. Numa cena emblemática com Lawrence, Pfeiffer saboreia cada momento e palavra de uma personagem que parece ter sido feita por encomenda para um comeback arrasador da estrela. 



3º lugar
Betty Gabriel | Corra!
como Georgina

Uma das presenças mais marcantes de Corra!, a atriz Betty Gabriel aparece pouco, mas os momentos em que surge em cena simplesmente fazem notar o trabalho dessa atriz que pouco conhecíamos. Gabriel interpreta a empregada "lobotomizada" dos personagens de Bradley Whitford e Catherine Keener. A atriz é gigante nos momentos em que Georgina é tomada pelos efeitos dos procedimentos do grupo comandado pelo casal, mas também nos instantes em que volta a ser quem ela era, fazendo com que no processo de transição entre esses estágios Gabriel trabalhe com uma dupla personalidade em constante conflito pela predominância no mesmo corpo. 



2º lugar
Nicole Kidman | Lion: Uma Jornada para Casa
como Sue Brierley

Com Sue Brierley, a mãe adotiva do protagonista Saroo de Lion, Nicole Kidman deu provas (como se ainda precisasse fazer isso) de que pode interpretar uma personagem calorosa, driblando o estigma de ice queen que lhe fora conferido desde o início da sua carreira em papéis como Cold Mountain. Sue Brierley é puro amor e Kidman consegue desenvolver uma relação fincada em bases sólidas tanto com o menino Sunny Pawar quanto com o jovem Dev Patel, intérprete dos protagonistas do filme. Levando em consideração que estamos tratando de uma obra que tem como uma das suas questões principais a maternidade, a presença e o resultado da performance de Kidman foram fundamentais para Lion ter a força que tem com o público. 




1º lugar
Clarisse Abujamra | Como nossos pais
como Clarice


Presença marcante na vida da sua filha Rosa, papel de Maria Ribeira, e grande impulsionadora da transformação que acontece com a protagonista de Como nossos pais, Clarisse Abujamra e sua interpretação no delicado filme de Laís Bodanzky é das coisas mais memoráveis de 2017. Às vezes insensível com os dilemas da filha, outras vezes extremamente doce e sábia com Rosa, a Clarice vivida por Abujamra é uma personagem fascinante e que toma o filme para si quando está em cena. Nos diálogos mais triviais, Abujamra agarra cada palavra e intenção da sua personagem e dá um verdadeiro show de interpretação no drama sobre a crise das tradicionais configurações familiares escrito e dirigido por Bodanzky. 


Escolhas anteriores: 
Jennifer Jason Leigh, Os Oito Odiados (2016)
Julianne Moore, Mapas para as Estrelas (2015)
Lupita Nyong'o, 12 Anos de Escravidão (2014)
Amy Adams, O Mestre (2013)
Carey Mulligan, Shame (2012)
Jacki Weaver, Reino Animal (2011)
Kristin Scott Thomas, O Garoto de Liverpool (2010)
Zoe Saldana, Avatar (2009)
Vanessa Redgrave, Desejo e Reparação (2008)
Michelle Pfeiffer, Hairspray: Em Busca da Fama (2007)
Mia Kirschner, Dália Negra (2006)

Menção especial para jovens atrizes



3º lugar
Sophia Lillis | It: A Coisa
como Beverly Marsh

Sophia Lillis foi um dos elementos mais comentados do elenco de It: A Coisa, tanto que depois do filme o que mais se especula em Hollywood é quem dará vida a sua personagem Beverly Marsh na versão adulta da continuação do filme. Parte da repercussão se deve ao desempenho da jovem atriz que interpretou uma personagem difícil, passando por um processo de transição para a adolescência ao enfrentar um pai abusivo e toda uma sociedade machista que espiava com uma lupa qualquer movimento trivial de Beverly.



2º lugar
Dafne Keen | Logan
como Laura ou X-23

A mutante X-23 do derradeiro filme de Wolverine é um dos maiores acertos de escalação do diretor James Mangold e da sua equipe. Dafne Keen dá vida a uma inocente e selvagem garota que tenta sobreviver em meio a uma perseguição cujo prêmio é a sua cabeça. Ao longo do filme, Keen estabelece uma química difícil de se repetir com veteranos da franquia como Hugh Jackman e Patrick Stewart. A relação de Laura com Logan e com o velho Xavier dá muito certo do ponto de vista emocional, mas também ao oferecer um choque de personalidades, sobretudo quando a garota interagia com o herói relutante de Jackman. 




1º lugar
Sareum Srey Moch | First they killed my father
como Loung Ung

A escalação da pequena cambojana Sareum Srey Moch foi uma etapa fundamental para o êxito de First they killed my father de Angelina Jolie. Isso porque a diretora precisava de uma ótima atriz que desse conta da montanha-russa emocional pela qual a protagonista passa, afinal todo o filme é contado pela perspectiva da menina. No decorrer de First they killed my father, a pequena Loung Ung atravessa um processo precoce e duro de amadurecimento, sendo exposta à brutalidade de uma guerra na qual ela e outras crianças são embrutecidas, usadas e descartadas de maneira desumana. Possivelmente, sem a garota, o filme de Jolie não seria o mesmo. 


Escolhas anteriores:
Saoirse Ronan, Hanna (2011)
Isabelle Fuhrmann, A Órfã (2009)


Menção especial para atuação feminina em série


3º lugar
Jessica Biel | The Sinner (1ª temporada)
como Cora Tannetti

Uma das gratas surpresas de 2017 foi a atriz Jessica Biel na série The Sinner interpretando Cora Tannetti, uma mulher que comete um assassinato e passa a ter seu passado esmiuçado por um detetive. Na série, Biel conseguiu lidar de maneira brilhante com a culpa e o altruísmo de uma personagem que sempre se colocava em último plano nas relações que estabelecia com sua irmã, seu marido, sua mãe... Assimilando uma culpa cristã, Cora sempre achou que estava de alguma forma em dívida com a sociedade. Isso faz com que o desempenho de Biel na série seja marcado por muitas explosões e movimentos contraditórios de uma personagem que nunca se sente bem na sua própria pele. 



2º lugar
Jessica Lange | Feud: Bette & Joan
como Joan Crawford

Muita gente faz pouco caso da interpretação de Jessica Lange como o ícone do cinema Joan Crawford em Feud: Bette & Joan, afirmando que, diferente de Susan Sarandon quando compôs Bette Davis, o que Lange fez foi apenas ser a Jessica Lange de sempre. É um pouco injusto esse tipo de julgamento, afinal, para uma interpretação ser exitosa um ator não tem que necessariamente desaparecer no seu personagem. Isso é uma opção, o trabalho do ator é repleto de caminhos possíveis. Se Sarandon escolheu a mimetização dos trejeitos e da voz de Bette Davis, ótimo. Se Jessica Lange preferiu esmiuçar os sentimentos da sua personagem, que na série tem uma vida mais conturbada do que a da sua co-protagonista, ótimo também. Há lugar para as duas. Em Feud: Bette & Joan, Lange  explorou as minúcias da insegura Joan, uma personalidade que se autossabotava e que era resultado de toda uma cultura hollywoodiana bem ingrata com as mulheres, especialmente quando chegam na maturidade. Lange brilha na série, especialmente no seu desfecho. 



1º lugar
Nicole Kidman | Big Little Lies (1ª temporada)
como Celeste Wright

Celeste Wright já tem lugar de destaque na extensa galeria de personagens memoráveis na carreira de Nicole Kidman.  Sem sombra de dúvidas, 2017 foi um dos anos mais formidáveis da sua carreira e parte disso se deve ao seu retorno triunfal para a TV numa série que produziu e protagonizou na HBO. Em Big Little Lies, Kidman interpreta uma introspectiva mãe de família que abandona sua carreira no Direito para se dedicar à criação dos filhos. Com um histórico doméstico marcado pela vergonha dos seus desejos e de tudo aquilo que passa na conturbada relação com seu marido, Celeste Wright é uma personagem que se encaixa como luva numa atriz como Kidman, que sabe como poucas dizer muito quando tem pouquíssima coisa a dizer em cena. Nas cenas da terapia de casal com seu esposo Perry, vivido por Alexander Skarsgard, Nicole conseguia expor toda a insegurança, negação e medo que Celeste escondia mesmo da pessoa com quem mais tinha intimidade na vida, a amiga Madeline, de Reese Whiterspoon. 


Antes de sair da nossa página, não deixe de conferir nossas postagens anteriores do Listão 2017:


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Agenda,14,Checklist,11,Cinco Atos,1,Crítica,315,DVD & Blu-Ray,6,É Tudo Verdade,3,Editorial,2,Ensaios e Artigos,19,Entrevista,2,Extras,9,Listão,34,Matéria Especial,28,Mostra SP,6,Notícias,39,Podcast,3,Prévia,77,Radar Crítico,20,Recomendações,106,Resenhas,273,Rewind,15,TV & Streaming,80,Vídeo,10,Vilões que Amamos Odiar,1,
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Chovendo Sapos: As melhores atrizes de 2017
As melhores atrizes de 2017
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