Os piores filmes de 2017


Começamos o nosso Listão 2017 trazendo para vocês os filmes que representaram algumas das piores experiências que o Chovendo Sapos teve numa sala de cinema ou via streaming. Integram esta lista filmes que foram lançados em nosso país no ano de 2017, seja nas salas de exibição, diretamente em DVD ou em plataformas de streaming, como a Net Now ou a Netflix. Claro que possivelmente existem títulos piores do que aqueles que vamos elencar, mas a lista abaixo é meramente representativa daquilo que assistimos em 2017, assim, obras mais desastrosas podem ter ficado de fora do nosso ranking

Confira abaixo, em ordem decrescente, os piores títulos de 2017 segundo nosso site: 

10º lugar
A Cabana
Dir.: Stuart Hazeldine
Elenco: Sam Worthington, Octavia Spencer, Alice Braga, Radha Mitchell

Adaptação do best-seller de William P. Young, A Cabana chegou ao Brasil com o tapete vermelho estendido, com direito até mesmo à visita de Octavia Spencer ao país para promovê-lo. No fim das contas, o filme é uma experiência maçante evocando clichês sobre a vida após a morte em elementos que vão da interpretação dos personagens pelos seus atores, seus diálogos, a cenários e figurinos. Para completar, o longa é completamente guiado pela tragédia pessoal do ateu Mack Phillips e isso não ganha impacto emocional algum afinal de contas o personagem é encarnado pelo apático Sam Worthington, que não consegue costurar as camadas necessárias do seu amargurado protagonista. 


9º lugar 
O Assassino: O Primeiro Alvo
Dir.: Michael Cuesta
Elenco: Dylan O'Brien, Michael Keaton, Sanaa Lathan, Taylor Kitsch

Feito como um veículo exclusivo para fazer de Dylan O'Brien (o astro de Maze Runner) uma espécie de Jason Bourne da sua geração, O Assassino: O Primeiro Alvo não é dos filmes de ação/espionagem mais inteligentes da nova safra. A trama de vingança empreendida pelo protagonista após presenciar o assassinato da sua namorada por um grupo que promove uma ação terrorista na praia (!!!) se perde em meio a inconsistência com que seus personagens são escritos, entrando em contradição sobre suas personalidades a partir de decisões que tomam ao longo da história. Apesar da presença interessante de Michael Keaton, estabelecendo com O'Brien uma dinâmica de mestre e aprendiz que confere o mínimo de brilho ao longa, o filme tem um dos vilões mais canastrões do ano interpretado pelo sempre inexpressivo Taylor Kitsch. 



8º lugar
Passageiros
Dir.: Morten Tyldum
Elenco: Jennifer Lawrence, Chris Pratt, Michael Sheen, Laurence Fishburne

Esse "Gravidade encontra Titanic" foi uma das empreitadas mais frustrantes de Hollywood nos últimos tempos. Na tradição de filmes que reúnem dois dos astros mais lucrativos da sua época, Chris Pratt e Jennifer Lawrence (antes deles, Julia Roberts e Brad Pitt em A Mexicana ou Angelina Jolie e Johnny Depp em O Turista), Passageiros chega ao público crente de que está acertando e muito na construção do romance entre os protagonistas, mas acaba derrapando em questões éticas que tentam ser contornadas pelo roteiro, mas é o tipo de coisa cuja emenda sai pior do que o soneto. 



7º lugar 
Rodin
Dir.: Jacques Doillon
Elenco: Vincent Lindon, Izïa Higelin, Séverine Caneele

Não tem nada pior para uma cinebiografia do que deixar no público a impressão de que seu cineasta não sabe ao certo o que pensa sobre o seu biografado ou o que pretende contando sua vida para o espectador. Jacques Doillon passa esta exata sensação quando se debruça sobre o legado do renomado escultor francês Auguste Rodin, pincelando passagens polêmicas da sua história com a pupila Camille Claudel. Ao ofertar para o público uma série de questões controversas sobre a personalidade do artista sem se posicionar sobre elas e aparentar não ter o menor interesse pelo seu biografado, dada a apatia com que a vida de Rodin passa pelos nossos olhos, Doillon faz um filme que cansa o espectador com suas informações didáticas e falta de "sangue nas veias". Num ano em que temos biografias tão inventivas quanto Jackie e O Formidável, Rodin é um retrocesso, cheira a mofo.


Leia nossa crítica de Rodin aqui. 

6º lugar 
Paixão Obsessiva
Dir.: Denise Di Novi
Elenco: Katherine Heigl, Rosario Dawson, Geoff Stults

2017 foi um ano no qual as produções do cinema (O Estranho que Nós Amamos) e da TV (Big Little Lies e Feud: Bette & Joan) problematizaram a tal rivalidade feminina. Nessa leva, o filme Paixão Obsessiva destoa com suas reminiscências antiquadas de thrillers oitentistas. Apesar da personagem de Rosario Dawson em certo momento tentar oferecer um outro ponto de vista para a situação, no fundo, a rixa entre ela e a psicótica vilã interpretada por Katherine Heigl, questão central do filme, tem origem na disputa por um homem. Na direção, Denise Di Novi sequer consegue ironizar a situação extraindo de todo o seu contexto dramático cafona o mínimo de humor ou comentário sobre um nicho de produção que foi muito popular nos anos de 1980. Old fashioned no pior sentido. 



5º lugar 
O Sequestro
Dir.: Luis Prieto
Elenco: Halle Berry, Sage Correa, Chris McGinn

Halle Berry não é estreante nesse tipo de seleção, estamos falando de uma vencedora do Framboeasa de Ouro. A ganhadora do Oscar por A Última Ceia tem no seu currículo desastres cinematográficos da proporção de Mulher-Gato, Na Companhia do Medo, Maré Negra e Para Maiores. Se comparado aos últimos, O Sequestro nem é uma bomba cinematográfica, mas merece o lugar de destaque na nossa lista. A atriz se esforça ao dar credibilidade no papel de uma mulher comum que se transforma quando seu filho é sequestrado e corre sério risco de vida nas mãos de gente da pior espécie. Acontece que o filme é tão enfadonho para o espectador que chega um determinado momento que sua trama se resume à atriz correndo desesperada com o seu carro atrás dos bandidos e pedindo alguma intervenção divina por sua causa. É complicado deixar batido no Listão de piores. Desculpa, Halle. Sorte da próxima vez. 

Leia a crítica de O Sequestro aqui. 

4º lugar
Cinquenta Tons mais Escuros
Dir.: James Foley
Elenco: Dakota Johnson, Jamie Dornan, Marcia Gay Harden, Kim Basinger

Cinquenta Tons mais Escuros é um strange beast no nosso Listão de piores. Ao mesmo tempo em que é extremamente ruim, o filme rendeu uma das sessões mais divertidas para a gente em 2017. Vou me alongar um pouco sobre esse filme no Listão pois não tivemos a oportunidade de comentá-lo na época em que fora lançado. O filme simplesmente não tem trama, a não ser que se interesse pela tediosa vida sexual de Anastasia Steele e Christian Grey e suas reiteradas discussões de relacionamentos. Entre uma cena de sexo e outra, o público tem a oportunidade de testemunhar um longa que simplesmente não tem trama, partindo de conflitos que surgem do nada e vão para lugar nenhum. O casal principal começa a ser perseguido por um bando de gente estranha, Anastasia é assediada por seu novo chefe e o passado de Christian Grey vem à tona para sugerir uma redenção (sério, gente?) do protagonista psicologicamente perturbado desse soft porn. Isso sem falar nas cenas estapafúrdias que surgem ao longa da fita como aquela em que Grey neutraliza uma ex armada apenas com o "poder" sexual que exerce em suas submissas ou num estranho e perigoso acidente de helicóptero que não traz consequência alguma para a integridade física de sua vítima, apenas alguns arranhõezinhos de leve como se tivesse caído de bicicleta na rua de casa (!!!!).

Para completar, falta ao filme sutileza, desde a maneira como as cenas e diálogos são concebidos ("Você me ensinou a foder. Ela me ensinou a amar.", diz Grey para a personagem de Basinger em dado momento) até detalhes como a escolha dos nomes de personagens coadjuvantes - Sra. Robinson e Jack Hyde, referências óbvias a A Primeira Noite de um Homem O Médico e o Monstro que desejam soar como ato de inteligência da obra ao apontar características rasas das suas fontes de inspiração nos personagens que são batizados assim nesse filme.  A tais ingredientes, adicione a atuação canastrona de Dakota Johnson, que diferente do primeiro está pessimamente conduzida já que sua Anastasia se resume a variações da sua voz, algo do tipo "gata manhosa". O longa ainda resgata Kim Basinger para simplesmente subaproveitá-la, afinal, aqui ela só surge para protagonizar uma cena estapafúrdia na qual recebe uma taça de champagne no rosto seguida de um tapa na cara, ambos completamente gratuitos, principalmente o segundo, prometendo um retorno triunfal no próximo filme ao deixar um lencinho cair no chão nas "fuças" das "inimigas".

Isso tudo faz de Cinquenta Tons mais Escuros não o pior filme do ano, mas a comédia involuntária de 2017.  Não podemos dizer que não nos divertimos assistindo ele (bem mais que o primeiro, inclusive).

Assista ao trailer de Cinquenta Tons mais Escuros aqui. 


3º lugar
Death Note
Dir.: Adam Wingard
Elenco: Nat Wolff, Margaret Qualley, Lakeith Stanfield

O conceituado mangá de Tsugumi Ohba e Takeshi Obata se transformou nesta produção de quase duas horas de duração para a Netflix que é difícil perdoar por seu descuido com a fluidez e assimilação da trama pelo espectador. Em Death Note os eventos e temas centrais da história se atropelam num filme que não tem a menor preocupação com o público cujo contato inicial com a obra se faz a partir desta adaptação. A mescla dos temas sérios da histórias com o tom de humor soam por vezes estranhas ou mal colocadas. No final das contas, a impressão que fica é que o formato não deu tempo hábil para o diretor Adam Wingard e os roteiristas fazerem tudo o que pretendiam com a obra. Teria sido melhor uma versão seriada. 



2º lugar
Dominação
Dir.: Brad Peyton
Elenco: Aaron Eckhart, Carice van Houten, Catalina Sandino Moreno

O primeiro filme que comentamos em 2017 aqui no site também é um dos piores da safra que está terminando. O longa de terror estrelado por Aaron Eckhart é uma mistura de O Exorcista com A Origem que não procura a credibilidade para sua história nem mesmo no seu interessante elenco, que ainda conta com Carice van Houten e a indicada ao Oscar Catalina Sandino Moreno nos créditos. Eckhard vive um homem especializado em tirar demônios dos corpos das suas vítimas através da mente (é isso mesmo que está lendo!). Clichês e pitadas de humor datadas ou mal colocadas ao longo da história completam os ingredientes de um filme que parece estar na filmografia dos seus envolvidos apenas para fazer volume, pois não faz absolutamente nada por eles, nem mesmo para o espectador, que tem uma experiência insossa ao cubo. 

Leia a crítica de Dominação aqui. 


1º lugar
Os Guardiões
Dir.: Sarik Andreasyan
Elenco: Anton Pampushnyy, Sanjar Madi, Sebastien Sisak, Alina Lanina

O filão de filmes de super-heróis anda tão em alta que chegamos ao cúmulo de importar produções baratas da Rússia. É o caso de Os Guardiões, que chegou por aqui com toda uma antecipação dando conta de estarmos diante de um Vingadores ou X-Men russo, mas que no fundo é só uma imitação de filmes da Marvel que sequer entende as razões pelas quais esses filmes fazem tanto sucesso com o público. No lugar de compreender que o que está no cerne dessas produções é a maneira com que elas constroem as dinâmicas entre seus personagens, Os Guardiões acredita piamente que o que sustenta um filme de super-herói é um amontoado de efeitos especiais baratos, péssimos atores e clichês de toda espécie. O resultado é um filme que consegue a proeza de fazer com que sua uma hora e meia de duração seja o equivalente à junção das três versões estendidas de O Senhor dos Anéis. Ainda corro o risco de ser leviano com a comparação, afinal a experiência de assistir às três obras de Peter Jackson em sequência não passa a sensação de tempo perdido como a que temos assistindo esse longa. Esse e outro enlatado russo que também chegou no Brasil em 2017, o terror A Noiva, ainda é lançado no nosso país com a bizarra trivia envolvendo suas cópias dubladas em inglês, o que torna a experiência de assisti-lo ainda mais intragável.  


Escolhas em anos anteriores anteriores:
Truque de Mestre: O 2º Ato (2016); Terceira Pessoa (2015); Invasão à Casa Branca (2013); Gamer (2009)

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Chovendo Sapos: Os piores filmes de 2017
Os piores filmes de 2017
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