Não há muito o que fazer em O Assassino: O Primeiro Alvo. O filme é basicamente uma trama de ação que utiliza como pano de fundo o terrorismo do mundo que lhe é contemporâneo, mas no fundo é mesmo uma produção cujos elementos gravitam em torno de Dylan O'Brien com o intuito de cimentar a carreira do jovem astro de Maze Runner em Hollywood a partir da proposta de uma franquia nos moldes Bourne que popularize o seu nome. Sem a menor pretensão de problematizar seu contexto geopolítico, o filme é calibrado por uma direção de ação relativamente eficiente de Michael Cuesta (o mesmo de O Mensageiro), proporcionando um espetáculo razoável, mas é uma pena que algumas decisões acabem sabotando até mesmo os esforços mais modestos do longa.
No filme, O'Brien interpreta um ex-soldado das forças especiais cheio de traumas que é recrutado pela CIA para receber treinamento de um veterano da Guerra Fria interpretado por Michael Keaton (Birdman). Ele é chamado para ajudar numa importante missão que envolve o planejamento de uma arma capaz de fazer um estrago incalculável nas mãos erradas. A partir daí, mentor e aprendiz empreenderão uma corrida contra o tempo para impedir qualquer dano mais grave.
Parte do filme é centrado na dinâmica entre os personagens de O'Brien e Keaton, explorando, como de praxe, a tensão entre o rebelde e relutante aprendiz e um mentor "casca grossa". Ambos conseguem se sair bem em suas funções, Keaton dá credibilidade como o agente veterano e O'Brien, apesar de ser imaturo como ator, não chega a prejudicar o longa com sua interpretação. Os problemas do filme surgem quando o roteiro toma decisões atabalhoadas, entre elas, só para o leitor ter uma dimensão, a ideia da chefe do protagonista de descartá-lo em dado momento da história, justamente quando ela mais precisava dele e depois de demonstrar total confiança em seus planos de ação intempestivos. Para completar, o longa ainda tem o seu terceiro ato centrado num vilão frágil e de motivações superficiais que não oferece a mínima sensação de perigo aos heróis e que não ganha muito quando interpretado por um ator limitado como Taylor Kitsch (John Carter).
No final das contas, O Assassino é marcado por reiterações do gênero que não se esforçam em oferecer o mínimo de viço ao projeto. É certo que atingirá em cheio parcela do público, mas uma outra fração certamente sairá completamente indiferente da sessão tamanha efemeridade do projeto. Apesar da pretensão, O Assassino sequer chega aos pés dos exemplares de espionagem que o cinema americano ofereceu na última década, não conseguindo nem mesmo ser um arremedo simpático da franquia Bourne. É qualquer coisa.
American Assassin, 2017. Dir.: Michael Cuesta. Roteiro: Edward Zwick, Stephen Schiff, Michael Finch e Marshall Herskovitz. Elenco: Dylan O'Brien, Michael Keaton, Taylor Kitsch, Sanaa Lahan, Shiva Negar, Charlotte Vega, Scott Adkins, Mohammad Bakri, Trevor White. Paris Filmes, 111 min.
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