De X-Men: O Filme a Logan são 17 anos de Hugh Jackman interpretando um dos super-heróis mais icônicos dos quadrinhos da Marvel, o Wolverine do grupo de mutantes X-Men. Na verdade, a carreira do australiano que completou 48 anos em outubro do ano passado se confunde com a própria trajetória de Logan nos cinemas. Hugh Jackman foi revelado em X-Men: O Filme de Bryan Singer e desde então tem intercalado suas participações nos longas dos X-Men e nas incursões solo do personagem com outros projetos. Chegou a hora de dizer adeus a Wolverine (sim, acho que nesse caso é em definitivo) e Jackman não poderia se despedir de maneira melhor, Logan é uma das melhores produções com o personagem que o australiano ressignificou nas telas do cinema, um filme de ação violento e emocionalmente complexo que compreende em definitivo a identidade da sua interpretação para o mutante nas telonas.
Baseada na HQ Old Man Logan, Logan faz o espectador acompanhar Wolverine em 2029 ganhando a vida como motorista de limousine enquanto cuida de um Xavier com a saúde bastante debilitada (Patrick Stewart, também se despedindo do Professor X). Com seu poder de regeneração demonstrando não ser mais o mesmo de antes, Logan é procurado por uma mexicana para que leve a sua filha Laura em segurança a um lugar chamado Éden. Logo, Wolverine se vê enredado em uma caçada empreendida por um mercenário que procura a garota por uma razão não revelada mas nada amistosa.
Dirigido por James Mangold (o mesmo que esteve na cadeira de Wolverine: Imortal, filme anterior do mutante da Marvel), Logan é o título mais adulto de um universo que sempre primou pelo rigoroso tratamento dos temas que rondam os mutantes da escola do Professor Charles Xavier. Logan tem um peso dramático que parece não acenar para a esperança, como os filmes dos X-Men ou mesmo os longas solo do próprio Wolverine. O filme de Mangold é marcado por uma distopia que mergulha seu protagonista em um pessimismo que sempre lhe fora peculiar, mas que encontrava seu contraponto em outros personagens com os quais Logan interagia. Logan é uma distopia e o mundo onde o protagonista está inserido de fato não abre brechas para a esperança. Somos apresentado a um Wolverine que se encontra recluso, vivendo no automático à espera de uma inevitável visita da morte.
Mangold, diretor conhecido por adaptar-se a gêneros díspares, conduzindo dramas como Garota Interrompida e Johnny e June a títulos de ação como este, consegue navegar pelas diversas demandas do seu projeto. O diretor tem um ótimo senso de condução das cenas de ação, que primam pela violência gráfica e pela agilidade na movimentação dos seus atores e dos elementos em cena (em dado momento, as perseguições de carro no deserto nos remetem a Mad Max), mas também consegue arrancar situações de emoção cortante, algumas delas protagonizados por Patrick Stewart, pela revelação Dafne Keen (a garota Laura) e, claro, por Hugh Jackman. Com tantos anos na pele de Logan, Jackman parecia destinado a esta despedida, demonstrando maturidade e compreensão absoluta do estágio em que seu personagem se encontra e preservando uma personalidade que ajudou a compor para Wolverine. Há uma cena - e não vou revelar qual é - que certamente fará os fãs mais cativos do personagem e da encarnação do mesmo pelo ator se emocionarem.
É precipitado dizer ao certo o lugar que Logan ocupa no universo cinematográfico dos X-Men, certamente não é desastroso como X-Men Origens: Wolverine ou mediano como X-Men: O Confronto Final, está entre os melhores títulos do mutante como X-Men 2, X-Men: Dias de um Futuro Esquecido e X-Men: Primeira Classe, isso é certo. O que é certo também é que Hugh Jackman não poderia ter encontrado melhor maneira de dar adeus a um velho conhecido. Logan é áspero e raivoso como o seu próprio protagonista, mas no fundo compartilha um pouquinho do seu investimento em litros de sangue com o material humano que forja a conexão entre seus personagens, deixando o espectador com um nó no coração ao reverenciar um ícone no subir dos créditos: Adeus, old man Logan.
Logan, 2016. Dir.: James Mangold. Roteiro: James Mangold, Scott Frank e Marshall Green. Elenco: Hugh Jackman, Patrick Stewart, Dafne Keen, Boyd Holbrook, Elizabeth Rodriguez, Stephen Merchant, Richard E. Grant, Eriq LaSalle. Fox, 137 min.
Assista ao trailer do filme:
Logan, 2016. Dir.: James Mangold. Roteiro: James Mangold, Scott Frank e Marshall Green. Elenco: Hugh Jackman, Patrick Stewart, Dafne Keen, Boyd Holbrook, Elizabeth Rodriguez, Stephen Merchant, Richard E. Grant, Eriq LaSalle. Fox, 137 min.
Assista ao trailer do filme:
COMENTÁRIOS