A gente pode até contestar os rumos ou o desenvolvimento dos roteiros de algumas temporadas de American Horror Story, mas uma coisa nenhum fã ou não fã da série pode negar, Ryan Murphy e Brad Falchuk sabem como ninguém criar personagens marcantes. Assim, com a proximidade da estreia de American Horror Story: Apocalypse, oitavo ano da série, elegemos dois personagens de cada uma das seis temporadas do programa numa lista que mostra porque nesse departamento American Horror Story é insuperável (e olha que muito personagem bom ficou de fora da seleção):
CONTÉM SPOILERS!!!
CONTÉM SPOILERS!!!
Constance Langdon
Temporada: Murder House (2011)
Atriz: Jessica Lange
A primeira personagem de Jessica Lange na série é um arraso e sintetiza as razões pelas quais durante anos Murphy e Falchuk tiveram a atriz como grande diva de American Horror Story. A veterana consegue segurar como poucas o título de horror queen, vivendo mulheres que são capazes de monstruosidades, mas também geram empatia no espectador pela motivação de alguns de seus atos. Em Murder House, a vizinha sinistra dos Harmon é obcecada pela juventude e lida com algumas questões em torno da maternidade, tendo uma relação complicada com os filhos, sobretudo Addie (Jamie Brewer), portadora de síndrome de Down. O ponto nevrálgico de Constance, no entanto, é sua obsessão pela ideia do anticristo, algo que leva até às últimas consequências.
Tate Langdon
Temporada: Murder House (2011)
Ator: Evan Peters
Não podemos romantizar a relação entre Tate e Violet (Taissa Farmiga), nem achar que o personagem de Evan Peters na primeira temporada da série é um herói romântico incompreendido, mas não podemos negar que ele é um dos mais importantes, complexos e marcantes desse ano. O "garoto problema" de Murder House revelava uma natureza obscura muito antes de perseguir a filha dos Harmon e ser instrumento do grande mal causado a Vivien (Connie Britton). Ninguém esquece do que ele foi capaz de fazer num dos melhores episódios de toda a série, o Halloween, dividido em duas partes, no qual vemos Tate ser capaz de promover um verdadeiro extermínio em seu colégio emulando claramente o trágico episódio de Columbine. O garoto é bem sinistro.
Lana Winters
Temporada: Asylum (2012)
Atriz: Sarah Paulson
Lana "Banana" Winters é a razão pela qual a carreira de Sarah Paulson encontra-se no estágio em que está. A jornalista interpretada pela atriz em Asylum passa por um dos arcos dramáticos mais intensos de toda a antologia, revelando-se uma profissional de ética incontestável no início da temporada, passando a vítima de maus tratos, torturas e um estupro, até a figura pública de ética questionável quando sai do sanatório de Briarcliff e resolve explorar midiaticamente os anos em que esteve internada. Paulson agarra com unhas e dentes uma personagem com muitas dimensões e vive cada um desses estágios com a maestria de sempre. Sem o show de competência que ela dá em Asylum provavelmente não a teríamos até hoje como um dos principais nomes da série e ela não teria feito Marcia Clark em The People vs. O.J. Simpson: American Crime Story, interpretação que lhe valeu o Emmy, um prêmio que, na verdade, já deveria ter sido dado aqui.
Irmã Mary Eunice McKee
Temporada: Asylum (2012)
Atriz: Lily Rabe
Quem é a freira de Invocação do Mal 2 perto da Irmã Mary Eunice? Nada ou pouca coisa, né? Após uma marcante passagem em flashback na primeira temporada da série, Ryan Murphy e Brad Falchuk deram um presentaço a Lily Rabe, a doce e reprimida freira possuída por forças ocultas no sanatório de Briarcliff. Rabe se destaca com uma personagem saborosa, que carrega grande parte do humor da temporada, provocando convenções sociais instauradas e alguns dogmas da Igreja. Junto com Paulson e Peters, podemos dizer que Rabe é uma das maiores revelações da série e esse papel é responsável por conhecermos o talento da atriz.
Cordelia Foxx
Temporada: Coven (2013)
Atriz: Sarah Paulson
A personagem de Sarah Paulson começa Coven de maneira estranha e parece não ter muito o que fazer na temporada. A escolha é proposital, a diretora da escola de bruxas decadente parece sofrer com a sombra da personalidade da sua mãe, Fiona Mars, de Jessica Lange. Conforme os episódios avançam, Cordelia Foxx desabrocha e se revela a personagem principal da temporada e a grande opositora da egocêntrica matriarca. Numa das temporadas mais girl power de American Horror Story a trajetória de Cordelia na trama é simbólica na medida em que ela se dá conta da extensão do poder que tem em mãos e da responsabilidade que possui como referência para as suas alunas.
Madison Montgomery
Temporada: Coven (2013)
Atriz: Emma Roberts
A bitch mor entre as jovens bruxas de Coven é uma das personagens da série que mais renderam memes na internet com suas falas ácidas. A personagem de Emma Roberts pode até ser jogada em situações equivocadas e muitas vezes desperdiçada na trama (e quem não é nessa temporada?), mas é inegável que as sacadas da personagem são algumas das melhores pela sinceridade com que Madison expõe sua opinião sobre a disputa do título de "Suprema" entre as bruxas.
Elsa Mars
Temporada: Freak Show (2014)
Atriz: Jessica Lange
Elsa Mars foi a despedida de Jessica Lange de American Horror Story. Murphy e Falchuk fizeram o melhor nesse último ato da atriz na série. Interpretando a grande estrela do circo de atrações da temporada, Lange vive uma alemã que tem seus "esqueletos no armário", mas também possui uma profunda mágoa por não conseguir realizar-se como artista. Sentimentos contraditórios parecem governar a personagem e Lange comanda cenas comoventes desde o primeiro episódio culminando com uma simbólica despedida.
Dandy Mott
Temporada: Freak Show (2014)
Ator: Finn Wittrock
O palhaço Twisty parece ser grande vilão do quarto ano de American Horror Story. Como na série "pessoas normais assustam", aos poucos percebemos que o grande vilão da temporada é o "filhinho da mamãe" Dandy Mott, capaz das maiores atrocidades por cultivar uma verdadeira obsessão pelas deficiências físicas dos artistas do espetáculo de Elsa e, ao mesmo tempo, ser fascinado pela perfeição da sua própria imagem. No fundo, Dandy é um verdadeiro monstro e protagoniza uma sequência sangrenta no finale que tem claros paralelos com uma passagem de Tate em Murder House. Finn Wittrock é a revelação da temporada e impressiona no papel, sobretudo quando faz uma dobradinha com a veterana Frances Conroy, intérprete da sua mãe.
A Condessa
Temporada: Hotel (2015)
Atriz: Lady Gaga
Jessica Lange sai de cena em American Horror Story e cede lugar para Lady Gaga como a grande diva da série. A despeito dos céticos, a entrada de Gaga em Hotel foi um grande acerto, sobretudo por ter sido escalada como a fascinante e imponente Condessa. A vampira que coleciona amantes tem uma importância fundamental na série e se beneficia pelo ar sofisticado e misterioso de Gaga, mas também tem momentos humanos exibidos em seus traumas com a maternidade e na sua relação conturbada com Liz Taylor. A persona metamórfica de Gaga se entrelaça com as diversas facetas físicas e psicológicas da Condessa em suas inúmeras aventuras fora do Hotel Cortez. O resultado é excepcional.
Liz Taylor
Temporada: Hotel (2015)
Ator: Denis O'Hare
Denis O'Hare está em American Horror Story desde a primeira temporada, mas em Hotel ele tem o seu grande momento como uma das funcionárias do Hotel Cortez, a Liz Taylor. O'Hare é brilhante sobretudo no episódio em que enfim descobrimos como Liz Taylor se transformou em Liz Taylor com uma ajudinha da Condessa de Lady Gaga. A transição de burocrata infeliz e pai de família para a gloriosa Taylor é um dos momentos mais bonitos da série e O'Hare vai a fundo nas principais questões dessa personagem, oferecendo um desempenho cheio de alma. Liz Taylor tinha várias facetas: era irônica, sabia ser mother fucker, tinha instinto de sobrevivência, conseguia ser maternal, mas também ser uma amante cheia de intensidade... Que personagem e que ator!
A Açougueira
Temporada: Roanoke (2016)
Atriz: Kathy Bates
Desde Coven esperamos por um grande momento de Kathy Bates em American Horror Story porque foi por esta razão que Ryan Murphy e Brad Falchuk a contrataram: formar com Angela Bassett e Jessica Lange o trio de divas do show. O grande momento da atriz só chega em Roanoke, quando Bates interpreta uma das personagens mais assustadoras de toda a série, a sanguinária açougueira. E Bates faz isso em duas versões igualmente horripilantes da personagem. Assim como a temporada levou seu formato metalinguístico ao extremo, a atriz estendeu ao máximo as possibilidades de psicopatia da vilã de Roanoke.
Lee Harris
Temporada: Roanoke (2016)
Atriz: Adina Porter
Quando Roanoke começou não fazíamos ideia de que a policial Lee Harris seria a grande estrela do sexto ano da série. Na medida que Murphy e Falchuk deram espaço para a personagem de Adina Porter crescer exibindo todo o seu caráter dúbio nas diferentes fases da temporada, a atriz conseguiu roubar o show até mesmo de queridinhas do público como Sarah Paulson e Lily Rabe. Nem mesmo ter Angela Bassett interpretando uma versão da sua personagem na primeira fase da temporada freou a potência da interpretação de Adina Porter que conferiu intensidade na busca incessante de Lee Harris pela sua filha.
Kai Anderson
Temporada: Cult (2017)
Ator: Evan Peters
Como o líder do culto que dá título à temporada, Evan Peters tem um dos seus melhores momentos em toda a série. Peters consegue transformar Kai numa figura carismática, mas também repleta de contradições e espaços sombrios na sua personalidade. A facilidade com que o ator trafegou entre o magnetismo da personalidade de Kai e sua loucura fizeram o ator ser o nome mais forte de Cult, principalmente porque é um dos poucos personagens da temporada que são desenvolvidos a contento pelos roteiristas da série, possuindo um arco redondo e satisfatório o suficiente para resolver todas as arestas do personagem. Em Cult, Peters ainda interpreta outros fanáticos, além do artista Andy Warhol, só destacando a versatilidade do ator.
Harrison e Meadow Wilton
Temporada: Cult (2017)
Atores: Billy Eichner e Leslie Grossman
Sinceramente, tive dificuldade para destacar uma personagem de Cult - exceto o Kai Anderson de Evan Peters - que tivesse um percurso satisfatório ao longo da temporada. Atores como Sarah Paulson, Billie Lourd e Adina Porter tiveram seus momentos, mas suas personagens são incompreensivelmente mal aproveitadas nos últimos episódios da temporada. Em virtude disso, destacamos duas personagens periféricas cujas trajetórias não foram afetadas sensivelmente pelos descaminhos da trama nuclear. O casal Harrison e Meadow, interpretados por Billy Eichner e Leslie Grossman, tem uma das dinâmicas mais curiosas da temporada com o relacionamento de fachada que estabelecem e também por terem algumas das falas mais deliciosas dos roteiros de Cult. Além disso, os dois são membros do fandom da Nicole Kidman, portanto seria inescapável escolhermos a dupla.
ATUALIZAÇÃO 05/09/2018
Veja o pior e o melhor das 6 temporadas de American Horror Story aqui.
Leia a crítica de American Horror Story: Freak Show, a quarta temporada da série, aqui.
Kai Anderson
Temporada: Cult (2017)
Ator: Evan Peters
Como o líder do culto que dá título à temporada, Evan Peters tem um dos seus melhores momentos em toda a série. Peters consegue transformar Kai numa figura carismática, mas também repleta de contradições e espaços sombrios na sua personalidade. A facilidade com que o ator trafegou entre o magnetismo da personalidade de Kai e sua loucura fizeram o ator ser o nome mais forte de Cult, principalmente porque é um dos poucos personagens da temporada que são desenvolvidos a contento pelos roteiristas da série, possuindo um arco redondo e satisfatório o suficiente para resolver todas as arestas do personagem. Em Cult, Peters ainda interpreta outros fanáticos, além do artista Andy Warhol, só destacando a versatilidade do ator.
Harrison e Meadow Wilton
Temporada: Cult (2017)
Atores: Billy Eichner e Leslie Grossman
Sinceramente, tive dificuldade para destacar uma personagem de Cult - exceto o Kai Anderson de Evan Peters - que tivesse um percurso satisfatório ao longo da temporada. Atores como Sarah Paulson, Billie Lourd e Adina Porter tiveram seus momentos, mas suas personagens são incompreensivelmente mal aproveitadas nos últimos episódios da temporada. Em virtude disso, destacamos duas personagens periféricas cujas trajetórias não foram afetadas sensivelmente pelos descaminhos da trama nuclear. O casal Harrison e Meadow, interpretados por Billy Eichner e Leslie Grossman, tem uma das dinâmicas mais curiosas da temporada com o relacionamento de fachada que estabelecem e também por terem algumas das falas mais deliciosas dos roteiros de Cult. Além disso, os dois são membros do fandom da Nicole Kidman, portanto seria inescapável escolhermos a dupla.
ATUALIZAÇÃO 05/09/2018
Veja o pior e o melhor das 6 temporadas de American Horror Story aqui.
Leia a crítica de American Horror Story: Freak Show, a quarta temporada da série, aqui.
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