Hurry Up Tomorrow: Além dos Holofotes tem como chamariz principal a presença do músico canadense The Weeknd como protagonista, roteirista e produtor, sendo centrado em uma história na qual o pop star interpreta ele mesmo em meio a uma crise pessoal. O longa que chega com bastante alarde no circuito cinematográfico é calcado em composições do artista para seu mais recente álbum, que não por acaso, leva o mesmo título do filme. Cercando-se do melhor parceiro possível para levar esse thriller para as telas, The Weeknd chama para a direção, roteiro e produção o cineasta Trey Edward Shults, que chamou bastante atenção na última década com trabalhos como Krisha, Ao Cair da Noite e As Ondas. A união dos esforços desses dois artistas, no entanto, resulta em uma experiência cinematográfica extremamente sofrível.
A empreitada de The Weeknd em Hurry Up Tomorrow resulta em um filme oco, marcado por esboços de reflexão pessoal que nunca saem da superfície, nunca entregam nada além do artista principal desse projeto remoendo traumas do passado. Todos os personagens do longa - o protagonista, a jovem Anima vivida por Jenna Ortega e o empresário Lee interpretado por Barry Keoghan - são figuras que passam pela tela e não exibe camada alguma, somente estereotipias do tipo "o artista atormentado", "a fã psicótica" e o "empresário aproveitador".
Depois do fracasso da série The Idol, que protagonizou na HBO, The Weeknd repete em Hurry Up Tomorrow uma incursão catastrófica no audiovisual. Com plena liberdade autoral para contribuir não apenas como ator, Abel Tesfaye transforma Hurry Up Tomorrow em um filme sobre ele mesmo como se isso fosse grandioso o suficiente para preencher a tela e interessar o espectador. Para completar, o artista encontra no diretor Trey Edward Shults um cineasta que ao invés de suprir suas lacunas ou problemas criativos e dar algum sentido para esse projeto só o transforma em algo ainda mais narcisista e sem sentido.
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