Após o sucesso de Longlegs: Vínculo Mortal, o diretor Osgood Perkins aposta em uma adaptação de Stephen King para a produtora Atomic Monster de James Wan (criador da franquia Invocação do Mal). O Macaco é o mais recente longa do realizador a partir de um roteiro que adapta um conto de King.
O longa conta a história de Hal e Bill, gêmeos de temperamento opostos que acabam atraindo um rastro de sangue quando ainda pequenos herdam do pai um macaco de brinquedo amaldiçoado. Após eventos traumáticos, os garotos resolvem enterrar o boneco, mas anos depois, já adultos, a maldição volta a se manifestar.
Perkins acerta ao não levar tão a sério um conto sobre um macaco de brinquedo amaldiçoado. Do início ao fim, O Macaco é um longa que ri de si próprio, sendo marcado por muita ironia e por cenas inventivas para as mortes das principais vítimas do brinquedo. É uma pena que, lá pelas tantas, as sequência absurdas criadas por Perkins parecem não ser o suficiente para segurar o espectador na trama pois entra em questão o fator humano no drama central da sua narrativa.
Ao escalar o ator Theo James para os protagonistas da história, Perkins perde a oportunidade de fazer um filme consistente. James não consegue acompanhar o senso de humor do projeto, nem consegue dar conta do desafio de interpretar dois personagens distintos na história. Na pele de Hal, o ator está mecânico quando deveria inspirar densidade dramática, não trazendo o menor senso de importância para os conflitos centrais da história - o acerto de contas entre irmãos e o ajuste da sua relação com o filho. Da mesma forma preguiçosa, Theo James transforma Bill em um vilão unidimensional óbvio que sequer diverte o espectador e sustenta a ironia do roteiro.
Por vezes, é exagerado creditar o insucesso de algum projeto a algum ator, mas no caso de O Macaco o erro de escalação parece fundamental para que parte dos esforços do filme deixem de funcionar em dado momento e o longa perca fôlego. Só para dimensionar como a escalação de Theo James coloca o filme em maus lençóis, basta fazermos um paralelo com a experiência que temos com O Macaco quando o menino Christian Convery interpreta os mesmos personagens do ator na infância, dando mais camadas e reforçando a dualidade de temperamento dos gêmeos com muito mais credibilidade. É no momento em que James entra em cena que um certo desarranjo no tom irônico de O Macaco fica evidente e a experiência de assistir ao longa torna-se cansativa, uma piada dissonante reiterada a todo momento pelo simples efeito do absurdo.
Avaliação
Título original: The Monkey
Ano: 2025
Duração: 98 minutos
Nos cinemas
Direção: Osgood Perkins
Roteiro: Osgood Perkins
Elenco: Theo James, Tatiana Maslany, Christian Convery, Colin O'Brien, Elijah Wood, Brian Campbell, Sarah Levy, Osgood Perkins, Danica Dreyer, Tess Degenstein.
Assista ao trailer do filme:
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