Vinte e quatro anos depois de vencer cinco Oscars, incluindo a estatueta de melhor filme, direção e ator (Russell Crowe), a história de Gladiador é retomada por Ridley Scott em Gladiador 2, longa ambientado anos depois da morte de Maximus. A continuação acompanha a história de Lucius, filho de Maximus com a rainha Lucilla. O príncipe é afastado da própria mãe e quando adulto é feito escravo por Roma, à semelhança daquilo que aconteceu com o seu pai no primeiro longa.
Apesar de supérfluo, afinal Gladiador de 2000 é um longa que dispensa continuação, Gladiador 2 é um entretenimento da melhor qualidade. Ridley Scott coloca à serviço do seu filme toda a sua notória habilidade para oferecer um grande espetáculo em tela grande usando todos os recursos possíveis da melhor forma: grandes cenas de ação, uma trama de conspiração palaciana intrigante e um drama e uma contextualização histórica, que apesar de falha e não muito acurada (perdoamos porque isso nunca foi a especialidade do cineasta e nesse caso não faz tanta diferença quanto em longas como Napoleão, por exemplo), engaja o público em suas duas horas de projeção.
No lugar de Crowe, Scott traz Paul Mescal, que até então fazia o tipo sensível em longas como Aftersun, pelo qual foi indicado ao Oscar de melhor ator, e Todos nós desconhecidos, além da série Normal People, que o revelou. Gladiador 2 é uma ótima incursão do ator em um filme de ação, para uma audiência maior e que talvez ainda não tenha tido contato com alguns dos seus mais conhecidos trabalhos. Mescal faz um belo trabalho dando credibilidade à destreza física do herói, ao mesmo tempo em que carrega momentos de forte emoção, como o reencontro de Lucius com sua mãe.
Também merece destaque Denzel Washington interpretando o personagem mais bem desenvolvido do roteiro. O vilão Macrinus é manipulador e é mobilizado pelas cicatrizes de um passado como escravo fazendo com que Washington tenha um material e tanto em mãos. Macrinus é sorrateiro e tem uma inteligência visivelmente superior àqueles que estão ao seu redor.
Ainda que não seja original, Gladiador 2 atesta a qualidade de Ridley Scott como grande regente desse tipo de espetáculo. Scott consegue tornar o projeto mais supérfluo possível como Gladiador 2 em algo relevante do ponto de vista da experiência espectatorial cumprindo excelência em várias frentes, dos aspectos técnicos ao seu elenco bem escolhido e bem dirigido. É inflado e não tem muita medida dos seus absurdos (as cenas no coliseu são um capítulo a parte), mas, definitivamente, Ridley Scott sabe oferecer esse tipo de espetáculo garantindo a plena satisfação da plateia.
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