Crítica: Robô Selvagem

 


Dos estúdios DreamWorks, a animação Robô Selvagem é dirigida por Chris Sanders, o mesmo que foi responsável por um dos melhores exemplares da casa, o primeiro Como treinar o seu dragão, e na  Disney pelo sucesso Lilo & Stitch. A nova produção do estúdio tem o punch emocional que falta a boa parte das produções recentes da Pixar/Disney, conhecida em seus primeiros anos por esta característica, mas que está imersa na última década em roteiros formulaicos e anseios para estabelecer franquias. Ainda que pareça um pouco dispersa nas diversas frentes temáticas que sua fábula abre, Robô Selvagem emociona e constrói de forma exemplar a sua trama central. 

Robô Selvagem conta a história de Roz, uma robô extremamente inteligente perdida em uma ilha selvagem habitada por diversas espécies de animais. Ela acaba estabelecendo uma relação maternal com um filhote de ganso hostilizado pelos demais da sua própria espécie. Junto com uma raposa solitária, Roz acaba transmitindo ensinamentos e valores para o filhote órfão, preparando-o para as responsabilidades da vida adulta.  


Com este filme, o diretor e roteirista Chris Sanders constrói um conto terno a partir de duas perspectivas: a dos pais e dos filhos. Por um lado, Robô Selvagem é um longa sobre o processo da criação de um filho, sobretudo o equilíbrio necessário entre proteção e a preparação para a vida. Isso acontece na medida em que Roz, com os recursos que estão à sua disposição (afinal, ela é uma robô) ensina seu filhote a voar e juntar-se aos seus naquilo que lhe é predestinado. Também é uma narrativa com uma abordagem sobre o duro processo de acompanhar a passagem do tempo a partir do envelhecimento dos nossos pais. Conforme o gansinho criado por Roz constrói sua autonomia, a robô atravessa um processo de desgaste das suas peças, sinalizando uma inevitável perda da sua capacidade de funcionamento. É nesse momento que a pequena ave constata que a mãe adotiva pode não estar ali para sempre para ampará-lo e a robô também percebe que é necessário criar uma autonomia maior no seu filhote. 

Em meio a toda a beleza dessa construção sobre a relação entre pais e filhos do roteiro de Sanders, Robô Selvagem acaba se dispersando em temáticas paralelas, como preocupações ambientais frente aos avanços tecnológicos ou mesmo a urgência de entendimento entre diferentes grupos sociais representados pelos animais da ilha. Aquele coletivo não se entende, cada um possui seus próprios interesses e pontos de vista, desejando impô-los aos demais, mas só chegam a um consenso pelas ações conciliadoras da robô Roz. Aqui, Robô Selvagem acaba inflando suas demandas e perde um pouquinho do seu poderoso e emocionante plot central familiar, mas ainda consegue proporcionar momentos igualmente pulsantes no tratamento desses temas transversais, não prejudicando muito a experiência com a obra como um todo. 


Robô Selvagem é marcado por uma narrativa cheia de humanidade e por aquilo que os melhores contos infantis conseguem fazer, estabelecer paralelos entre suas tramas lúdicas e situações inerentes ao nosso processo de formação, algo que é extremamente valioso como experiência cinematográfica que os pais podem proporcionar a seus filhos. Mesmo disperso em demandas a mais que não precisariam ser assumidas, o filme é exitoso pela sensibilidade com a qual aborda seus personagens e suas relações e pela organicidade com a qual conduz tudo isso em uma trama original (é impossível conter as emoções em determinados momentos, para citar um dos mais memoráveis, destacamos a cena em que a robô Roz despede-se do filho em seu primeiro voo com o grupo de gansos. Enfim, levem os lencinhos e preparem os corações.  



Avaliação


Título original: Wild Robot
Ano: 2024
Duração: 102 minutos
Nos cinemas
Direção: Chris Sanders
Roteiro: Chris Sanders e Peter Brown
Animação

Assista ao trailer do filme:





COMENTÁRIOS

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Chovendo Sapos: Crítica: Robô Selvagem
Crítica: Robô Selvagem
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