Crítica: O dia que te conheci



Quinze anos depois da sua fundação, a Filmes de Plástico se transformou em uma produtora de bastante sucesso no cenário nacional e internacional com longas de grande repercussão como Temporada (2018), de André Novais Oliveira, e Marte Um (2022), de Gabriel Martins. Uma das tônicas da produtora mineira é a maneira como seus diretores retratam o cotidiano da região, especificamente a realidade de personagens periféricos, fugindo da estereotipada associação desse contexto a gêneros cinematográficos como o filme policial ou o drama sobre a realidade social. O mais recente trabalho da produtora é o singelo O dia que te conheci que reafirma esse propósito ao poder ser enquadrada como uma autêntica comédia romântica brasileira. 

Dirigido e roteirizado por André Novais Oliveira, o filme conta o cotidiano de Zeca (Renato Novaes), um rapaz que mora em Belo Horizonte, mas trabalha como bibliotecário em uma escola no município vizinho. Um dia, por força de circunstâncias infelizes, Zeca acaba se aproximando de Luísa (Grace Passô), uma outra funcionária da escola. A partir dali, a vida desse personagem ganha outro significado e ele passa a ter novas perspectivas.

 

Em O dia que te conheci, André Novais Oliveira consegue mais uma vez representar um cotidiano muito próximo da maior parte dos brasileiros, marcado por problemas corriqueiros com o transporte público, inquietações no ambiente de trabalho e quadros de ansiedade e depressão. Os protagonistas dessa história estão imersos nesses problemas e em um dia o cineasta promove um encontro entre esses personagens entregando aos mesmos potenciais ferramentas para ambos lidarem de uma outra forma com toda uma realidade que sempre se apresenta de forma amarga. No fim das contas, O dia que te conheci aborda o lugar que as relações ocupam no caos cotidiano que vivemos e como elas são fundamentais para conduzirmos tudo de uma forma mais leve.

Em seu novo filme, André Novais Oliveira mergulha no romance com uma direção e um roteiro extremamente enxutos. O mais interessante é perceber como a objetividade do realizador não transforma O dia que te conheci em um filme que atropela o desenvolvimento das relações entre os seus personagens, pelo contrário, entrega foco e, consequentemente, a intensidade de um olhar direcionado para a realidade de Zeca e Luisa, interpretados com muita química por Renato Novaes e Grace Passô. 


O diretor conta com esses dois ótimos atores em cena. Tanto Renato Novaes quanto Grace Passô sabem dar organicidade aos diálogos de um roteiro que cumpre o objetivo de representar o dia-a-dia de  pessoas reais. Passô, em especial, confirma (como se a essa altura precisasse) sua figura carismática na tela, sendo uma presença luminosa desde o primeiro momento que entra em cena. Esse traço da atriz torna crível a transformação de Zeca a partir do seu encontro com Luisa, o interesse desse personagem masculino por ela e a química do casal de protagonistas.  

O dia que te conheci é mais um acerto do cineasta André Novais Oliveira e da Filmes de Plástico,  reafirmando a importância de diversificar a produção nacional em gêneros, abordagens e olhares. É um filme que impressiona pela multiplicidade de percepções que consegue construir a partir de uma abordagem minimalista, demarcando a presença do nosso cinema em um gênero extremamente popular como o romance, mas que é poucas vezes explorado pela nossa cinematografia, ao menos não com a autenticidade que O dia que te conheci apresenta desde o primeiro segundo. 



Avaliação


Título original: O dia que te conheci
Ano: 2024
Duração: 71 minutos
Nos cinemas
Direção: André Novais Oliveira
Roteiro: André Novais Oliveira
Elenco: Renato Novaes, Grace Passô, Kelly Crifer, Fabrício FBC, Stan Alban. 

Assista a cena do filme:



COMENTÁRIOS

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Chovendo Sapos: Crítica: O dia que te conheci
Crítica: O dia que te conheci
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