O Cara da Piscina é o primeiro longa dirigido, roteirizado, produzido e protagonizado por Chris Pine. Aqui, o ator usa todo o seu trânsito em Hollywood para conseguir um elenco formado por nomes de peso como Annette Bening, Danny DeVito, Jennifer Jason Leigh e Ray Wise para protagonizar esta história, além de contar com o suporte da diretora Patty Jenkins (de Mulher-Maravilha) na produção do projeto ao seu lado. No entanto, é incrível como a junção de tantos nomes marcados pela excelência em suas respectivas carreiras não foi o suficiente para salvar este filme do completo fiasco.
Em O Cara da Piscina, Chris Pine interpreta um limpador de piscinas de um condomínio aspirante a filósofo e cineasta. O personagem se vê enredado na função de detetive quando uma misteriosa mulher (DeWanda Wise, de Jurassic World: Domínio) solicita seus serviços em um caso envolvendo figurões de Los Angeles. Daí em diante, a trama do longa assume ares de filme de detetive (noir) inclinado para a abordagem de um humor non sense.
Em sua estreia, Pine tem muitas ambições com O Cara da Piscina. Ele deseja fazer uma espécie de Vício Inerente com um personagem "chapadão" de visual inspirado no "the dude" de Jeff Bridges em O Grande Lebowski envolvendo uma trama criminal "diferentona" com diversas referências cinéfilas explícitas no roteiro. Tem de tudo em O Cara da Piscina: Chinatown, Crepúsculo dos Deuses, Ladrão de Casaca e até Erin Brokovich. Nenhuma delas faz muito sentido na história porque, no final das contas, O Cara da Piscina tem como foco o ego de Chris Pine. É um filme carente de identidade e completamente movido pela vaidade do ator, agora, diretor. Qualquer momento aleatório da trama é justificativa para o diretor e roteirista trazer para o público alguma amostra do seu repertório e ele "joga" esta "genialidade" para o público como se agisse despretensiosamente sob a forma de uma abordagem que emula uma direção e um roteiro cool. No final das contas, nada daquilo apresenta organicidade e qualquer expectativa de liame narrativo se perde em meio ao ego do próprio artista.
A trama neo noir de O Cara da Piscina não faz muito sentido e parte da sua aparência de história de detetive cool em torno de personagens "idiotas" que na verdade revelariam que por trás do seu comportamento existe uma proposta filosoficamente comprometida do roteiro do projeto é extremamente calculada por Pine, o que, por si só, já destaca quão equivocado é este projeto. Com O Cara da Piscina, Chris Pine sente que está oferecendo algo genial para o público e no final das contas parece conceber um filme que existe para massagear o seu próprio ego.
Não há uma cena sequer em O Cara da Piscina que demarque um movimento inteligente do roteiro, um personagem que se destaque como original, carismático ou passível de empatia, sobretudo o seu protagonista, que parece uma colagem de diversas criações já vistas na tela e que parecem fazer parte do imaginário de Pine como fã do tipo de história que o projeto parece emular. Não há comentário inteligente ou humor que sustente O Cara da Piscina, apenas o constrangimento de momentos como aqueles nos quais o personagem de Pine conversa com um grande lagarto ou mesmo um desentendimento entre o protagonista e a personagem de Jennifer Jason Leigh quando ele descobre que a namorada com quem nunca quis estabelecer um compromisso está saindo com outro homem.
Se em 2024 tivemos a ótima revelação de Zoë Kravitz como diretora de Pisque Duas Vezes, um projeto muito bem equilibrado entre uso de referências cinéfilas, concebido por uma realizadora debutante que procura e encontra a sua própria voz como artista, com um roteiro focado no objetivo da sua história, também tivemos Chris Pine em O Cara da Piscina, o completo oposto disso. A esperança é que o resultado ruim desse projeto e sua repercussão valham de alguma coisa para que, futuramente, caso Pine decida continuar investindo nas funções de diretor e roteirista, aprenda com seus erros e vá por um caminho bem diferente deste aqui.
COMENTÁRIOS