Depois de ter entrado no domínio público em 2022, o personagem Ursinho Pooh é explorado pela primeira vez por uma mídia de uma maneira bem diferente daquela que estamos habituado. O Pooh que encontramos em Ursinho Pooh: Sangue e Mel é bem diferente da clássica versão da Disney, aquele urso amarelo simpático de voz mansa que trajava camiseta vermelha. Esta imagem cede espaço para um implacável serial killer que junto com seu companheiro Leitão persegue um grupo de jovens em um lugar completamente ermo.
A reinvenção do personagem criado por A. A. Milne é obra do inglês Rhys Frake-Waterfield, que faz um filme de terror assumidamente "B" com berrante inclinação para o gore. Até mesmo o clássico reencontro de Pooh com Christopher Robin, que vem a ser inspirado no filho do criador do personagem, está bem distante da nossa memória afetiva infantil, já que o outrora amigo de infância do rapaz torna sua vida um inferno depois de assassinar a sangue frio sua esposa Mary.
Ursinho Pooh: Sangue e Mel merece ser visto com uma "régua" avaliativa muito distinta daquela que usamos para qualquer outra obra por ser um filme de terror "B". É óbvio que os parâmetros de qualidade e as expectativas em torno da sua narrativa devem ser relativizados. Este filme definitivamente não quer se enquadrar em caixinhas de parâmetro de qualidade convencionais.
Dito isto, há alguns movimentos interessantes de Frake-Waterfield nessa sua reinvenção do Pooh. O diretor e roteirista tem um prólogo relativamente inventivo ao inverter toda a mitologia do Pooh na sua versão soturna do reencontro do personagem com Christopher Robin. Quando o filme se assume como um slasher e Pooh e Leitão passam a perseguir um grupo de amigas, Ursinho Pooh: Sangue e Mel cai no banal do gênero, ainda que, nesses momentos, Frake-Waterfield explore com uma certa eficiência a violência gráfica demandada pelo gore.
Falta a Ursinho Pooh: Sangue e Mel um senso de humor que tão bem faz a esse tipo de material. A fotografia do filme é monocromática, tornando tudo muito sério e sombrio, e o diretor sequer explora o absurdo que é assistir essas versões de Pooh e Leitão - atores trajados com fantasias de borracha - deixando um rastro de sangue por onde passam. Poderia ser mais despojado como a própria proposta faz a gente esperar que seja.
COMENTÁRIOS