Shakespeare revisado
Rosaline reinterpreta eventos de Romeu e Julieta pela perspectiva da ex de Romeu.
O longa acerta ao trazer uma contemporaneidade aos costumes e na maneira dos personagens se comportarem que contrasta com sua reconstituição de época, mas não cria uma ruptura tão drástica assim. Rosaline tem uma protagonista que soa à frente do seu tempo e que assume função semelhante às heroínas de comédias românticas colegiais como Cher (Alicia Silverstone) de As Patricinhas de Beverly Hills e Cady Heron (Lindsay Lohan) de Meninas Malvadas. Ela sucumbe a tomadas de posição nada altruístas, mas se redime e encontra outras perspectivas para a vida. O longa ainda traz canções como "It must be love" de Roxette, que toca em um baile a fantasia, e "All by myself" de Eric Carmen, usada para dimensionar a fossa da protagonista depois de ser abandonada por Romeu.
O choque de temporalidade provocado pelos elementos de encenação da história não chega a transformar Rosaline em uma sátira, ainda que o longa ironize os ideais românticos da sua obra base, Romeu e Julieta. Rosaline constrói uma nova história de amor para a protagonista com o jovem Dario (Sean Teale) sob bases muito sólidas, a ponto de nunca ficarmos divididos com um pretenso triângulo amoroso. Aliás, propositalmente, o filme empalidece a personalidade do casal protagonista de Shakespeare para fazer com que a experiência do espectador seja completamente aderente a sua nova protagonista e seu par romântico. Apesar desses novos horizontes, é interessante como o legado de Shakespeare não é descartado em Rosaline. Aspectos como a rivalidade entre Montecchios e Capuletos seguem no coração dos enlaces amorosos do longa, entre eles, o vivido por sua protagonista. A diretora Karen Maine também conta com a ótima escalação de Kaitlyn Dever (de Fora de Série) para interpretar Rosaline. A jovem atriz tem um timing para a comédia preciso que é fundamental para o filme.
COMENTÁRIOS