Em uma cena de O Peso do Talento, Nicolas Cage, que, para quem ainda não sabe, interpreta ele mesmo no filme, passeia maravilhado por um cômodo repleto de lembranças marcantes da sua carreira. O ator vencedor do Oscar (melhor ator em 1996 por Despedida em Las Vegas), que já protagonizou longas de diretores como David Lynch (Coração Selvagem) e Spike Jonze (Adaptação), passou um tempo considerável da sua carreira aceitando qualquer roteiro para pagar algumas dívidas, o que lhe trouxe uma questionável fama de "ator canastrão" ou "ímã de bombas cinematográficas". Recentemente, Cage deu a volta por cima com longas bem aceitos pela crítica, como Mandy e Pig, ganhando um status de cult pela cinefilia.
A cena de O Peso do Talento que descrevemos anteriormente, com o seu tom de autodeboche, indício de que a uma altura dessa do campeonato nem o próprio Cage se leva a sério, e reverência por um legado que de fato existe sintetiza um inventário da carreira do ator. O longa de Tom Gormican (da comédia Namoro ou Liberdade com Zac Efron) tem seus melhores momentos quando se dedica a parodiar o próprio star power de Nicolas Cage e sua carreira de altos e baixos, sem nunca desmerecê-lo por seus deslizes artísticos, afinal, eles fazem parte da sua trajetória - e, como ele encara, são "ossos do ofício".
No longa de Gormican, Cage encontra-se em uma crise de meia idade após perceber que não tem as melhores opções em um futuro tão próximo em Hollywood. Além dos dilemas profissionais, o astro passa por um momento delicado na relação com sua filha adolescente. No meio desse turbilhão de eventos, o ator decide se aposentar e aceita como último trabalho uma proposta que lhe é ofertada por um fã (papel de Pedro Pascal, de Mulher Maravilha 1984).
Na paródia de si, Nicolas Cage se esbalda. O astro está despojado em cena, sem o menor compromisso de oferecer qualquer seriedade ao projeto. Como antecipamos, os melhores momentos de O Peso do Talento estão nos meta-comentários do filme, geniais, sobretudo, quando o ator conversa com uma versão ególatra e e surtada de si. Além disso, Cage encontra em Pedro Pascal um coadjuvante que lhe rende momentos bem inspirados na dinâmica fã e ídolo, fazendo inúmeras referências a obras marcantes na sua carreira. Esses momentos são tão inspirados que fica inevitável lamentar que o longa não ceda completamente ao mito Nick Cage e se torne no fim das contas mais uma comédia de ação protocolar.
É inegável que O Peso do Talento é entretenimento garantido. É verdade também que nem sempre esta diversão é garantida e que os fãs do ator serão os que aproveitarão melhor a experiência. No entanto, a sacada de trazer Nicolas Cage interpretando uma versão de si traz constatações que engrandecem o longa de Tom Gormican: Nick Cage está em um dos seus melhores momentos, tão maduro que consegue apresentar-se mais relaxado em cena, empoderando-se do seu legado e dos seus recursos artísticos. Fosse mais radical na sua proposta, seria genial.
Avaliação:
Título original:The Unbearable Weight of Massive Talent
Ano: 2022
Duração: 107 minutos
Nos cinemas
Direção: Tom Gormican
Roteiro: Tom Gormican e Kevin Etten
Elenco: Nicolas Cage, Pedro Pascal, Tiffany Haddish, Neil Patrick Harris, Sharon Horgan, Paco León, Lily Mo Sheen, Alessandra Mastronardi, Jacob Scipio.
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