Abaixo, nossas escolhas em categorias de interpretação feminina para longas lançados comercialmente no Brasil, nos cinemas ou em serviços de streaming, durante o ano de 2021:
Jovem atriz do ano
Saniyya Sidney como Venus Williams
King Richard: Criando Campeãs
Will Smith tem se destacado na atual temporada de premiações do cinema pelo seu desempenho como Richard Williams, o pai das tenistas Venus e Serena Williams, em King Richard. O filme de Reinaldo Marcus Green também rende ótimos momentos para a jovem Saniyya Sidney que vive a precoce Venus Williams lançada ao estrelato das quadras. Como a personagem, Sidney tem que lidar muito cedo com todo tipo de pressão e expectativa que a atividade demanda.
Vencedoras de edições anteriores: Millie Bobby Brown, Enola Holmes (2020); Julia Butters, Era uma vez em Hollywood... (2019); Brooklynn Prince, Projeto Flórida (2018); Sareum Srey Moch, First they killed my father (2017); Saoirse Ronan, Hanna (2011); Isabelle Fuhrmann, A Órfã (2009).*
*Nos anos ausentes, a categoria foi compartilhada com jovens atores.
Coadjuvantes
Em ordem alfabética
Dominique Fishback como Deborah Johnson
Judas e o Messias Negro
Intérprete da esposa de Fred Hampton em Judas e o Messias Negro, Dominique Fishback vive uma personagem que se identifica com as ideias do partido Pantera Negra, mas que também passa a se preocupar com a repercussão desse envolvimento político no bem-estar do seu filho e do seu marido. Fishback tem momentos pontualmente cortantes no filme e serve para dimensionar a repercussão da trama de conspirações no âmbito interpessoal das personagens centrais dessa história.
Ellen Burstyn como Elizabeth
Pedaços de uma Mulher
A veterana de trabalhos inesquecíveis como Alice não mora mais aqui, O Exorcista e Réquiem para um Sonho tem grandes momentos no drama de Kornél Mundruczó, sobretudo pela maneira como entra em atrito com a protagonista interpretada por Vanessa Kirby. Burstyn dá ignição para o ótimo desempenho da sua protagonista e, com muitas "cartas na manga", constrói uma matriarca que se estabelece na história como um contraponto desestabilizador.
Kirsten Dunst como Rose Gordon
Ataque dos Cães
Na realidade áspera retratada por Jane Campion em Ataque dos Cães, a personagem de Kirsten Dunst é uma das suas principais vítimas. Rose Gordon cumpre o destino da maioria das mulheres do seu tempo em seu contexto e Dunst acompanha a trajetória da personagem com muita sensibilidade na medida em que ela se entrega à depressão e ao alcoolismo conforme vai se dando conta da sua "irreversível" situação social.
Yuh-Jung Youn como Soonja
Minari
Yuh-Jung Youn é uma das presenças mais carismáticas de Minari, surpreendendo o espectador com uma avó que foge por completo de qualquer protocolo esperado para esse tipo de personagem. Como Soonja, Yuh-Jung Youn se permite cometer travessuras com o neto David, mas também se revela um eixo fundamental de afeto e de manutenção das tradições em sua família, mesmo estando longe das suas origens.
A melhor atriz coadjuvante de 2021
Ruth Negga como Clare
Identidade
Ao interpretar uma mulher que nega a sua própria identidade, passando-se por branca, Ruth Negga tem nas mãos uma figura psicologicamente complexa. Na maior parte das vezes, Clare oculta seus reais sentimentos sobre sua atual condição. Em Identidade, a atriz transmite o tempo todo o sentimento de não estar completamente convencida da sua felicidade, apesar de muitas vezes transparecer publicamente uma certa efusividade. Na maioria das vezes, está claro que ela não consegue convencer os demais personagens nem a si mesma dessa condição.
Vencedoras de edições anteriores: Maria Bakalova, Borat: Fita de Cinema Seguinte (2020); Cynthia Erivo, Maus Momentos no Hotel Royale (2019); Rachel McAdams, Desobediência (2018); Clarisse Abujamra, Como nossos pais (2017); Jennifer Jason Leigh, Os Oito Odiados (2016); Julianne Moore, Mapas para as Estrelas (2015); Lupita Nyong'o, 12 Anos de Escravidão (2014); Amy Adams, O Mestre (2013); Carey Mulligan, Shame (2012); Jacki Weaver, Reino Animal (2011); Kristin Scott Thomas, O Garoto de Liverpool (2010); Zoe Saldana, Avatar (2009); Vanessa Redgrave, Desejo e Reparação (2008); Michelle Pfeiffer, Hairspray: Em Busca da Fama (2007); Mia Kirschner, Dália Negra (2006).
Protagonistas
Em ordem alfabética
Carrie Coon como Allison O'Hara
O Refúgio
Ao longo de O Refúgio, Carrie Coon constrói uma personagem que se coloca gradualmente como o contraponto do ambicioso e delirante patriarca vivido por Jude Law. A atriz exibe todo o seu brilhantismo como Allison sobretudo nas cenas em que enfrenta o esposo, se emancipa naquela relação e se revela o eixo central da sua família diante de uma crise financeira e moral que só se agrava conforme o marido cai nas "ciladas" do mundo financeiro na Inglaterra dos anos de 1980.
Frances McDormand como Fern
Nomadland
Se embrenhando na maneira como Chloé Zhao mescla realidade e ficção em Nomadland, Frances McDormand é o fio condutor desse filme traçando com delicadeza a jornada de uma mulher que se aparta da sociedade, mas que não tem como certo se tal movimento é compulsório ou espontâneo. McDormand compõe de forma brilhante os desejos desta personagem, sejam eles os de partilha ou de reclusão.
Nicole Kidman como Lucille Ball
Apresentando os Ricardos
Descreditada no anúncio da sua escalação como a comediante Lucille Ball em Apresentando os Ricardos, Nicole Kidman pode não ter sido o suficiente para salvar o filme de Aaron Sorkin do esnobe dos críticos, mas seu desempenho no drama sobre a estrela da sitcom I Love Lucy cumpre a tradição da carreira da atriz: ela surpreende por cada decisão tomada ao longo desse trabalho. De maneira inteligente, Kidman vai na contramão do que se espera de uma performance em uma cinebiografia e não oferece apenas a mimese, mas se preocupa sobretudo com a jornada interna de uma pioneira no seu ramo, atuando como Lucille diante das câmeras e nos bastidores do estúdio de TV.
Vanessa Kirby como Martha
Pedaços de uma Mulher
Os trinta minutos iniciais de Pedaços de uma Mulher são o suficiente para cravar o desempenho de Vanessa Kirby nesse filme como um acontecimento. Representando um parto natural praticamente em tempo real, a atriz entrega nuances variadas numa sequência que lhe exigiu muito físicas e psicologicamente. No entanto, o trabalho de Kirby em Pedaços de uma Mulher não se resume a uma sequência primorosamente conduzida pelo seu diretor, ao longo do drama, a atriz constrói com delicadeza a jornada de uma mulher que atravessa o luto para se reinventar e o faz de maneira inteligente, sensível e cheia de empatia.
A melhor atriz de 2021
Tessa Thompson como Irene
Identidade
A quantidade de sentimentos conflitantes que Tessa Thompson exibe na jornada de Irene em Identidade, externando muito pouco tudo isso, apenas oferecendo pistas, garante o seu lugar em qualquer lista de interpretações mais marcantes de 2021 nas telas. Conforme Irene observa sua amiga Clare transitar por círculos sociais diversos, Tessa traz para sua personagem um movimento de autoanálise sobre a sua situação social, seus privilégios e o seu lugar em um país ainda muito racista e machista. O êxito da expressiva performance de Thompson é fundamental para Rebecca Hall construir um filme que aborda a situação de oprimidos sociais de maneira tão complexa e nada óbvia.
Vencedoras de outras edições: Viola Davis, A Voz Suprema do Blues (2020); Julianne Moore, Gloria Bell (2019); Karine Teles, Benzinho (2018); Natalie Portman, Jackie (2017); Isabelle Huppert, Elle (2016); Regina Casé, Que horas ela volta? (2015); Paulina Garcia, Glória (2014); Emmanuelle Riva, Amor (2013); Charlize Theron, Jovens Adultos (2012); Juliette Binoche, Cópia Fiel (2011); Giovanna Mezzogiorno, Vincere (2010); Kate Winslet, Foi Apenas um Sonho (2009); Nicole Kidman, Margot e o Casamento (2008); Marion Cotillard, Piaf: Um Hino ao Amor (2007); Meryl Streep, O Diabo veste Prada (2006)
COMENTÁRIOS