Escrita por Jeph Loeb com artes de Tim Sale e publicada entre 1996 e 1997, Batman: O Longo Dia das Bruxas é uma das HQs mais originais envolvendo o universo do Batman. A história era centrada na investigação da identidade de um serial killer chamado Feriado que por um ano exterminou pessoas ligadas à máfia de Gotham, sempre em datas festivas.
A HQ O Longo Dia das Bruxas era uma combinação intricada de trama noir que explorava ao máximo da ideia do Batman como um grande detetive, pincelando plots que nos remetiam a histórias de gângster quando centrava suas atenções no clã criminoso Falcone e ainda explorava o horror com a presença fundamental de praticamente toda a cartela de vilões lunáticos do personagem que escapavam do Asilo Arkham justamente no Halloween.
A animação recém lançada em duas partes segue princípios parecidos com seu material original, mudando, sobretudo na segunda parte, alguns elementos dos quadrinhos ou mesmo tornando mais expositivo aspectos da história que na publicação eram apenas sugeridos. Nada que desmereça o excelente esforço de adaptação da equipe do diretor Chris Palmer, afinal, estamos falando de produtos bem diferentes.
Os traços da animação não chegam a ser tão originais como eram os desenhos de Tim Sale nas HQs. Sale bestializava personagens como o Coringa, Batman e a Mulher-Gato, a ponto deles as vezes parecerem mutantes e não "humanos com fantasias". Visualmente, O Longo Dia das Bruxas acompanha a evolução do departamento de animações da DC na Warner, numa continuidade da proximidade de um realismo que já víamos antes. Pela equipe de animação, há uma dedicação sobretudo na composição de planos que nos remetem a HQ e na exploração da geografia de Gotham, com cada viela e edificação valorizada nas imagens que frisam atmosfera macabra da metrópole. Além disso, eles são excelentes na condução das cenas de ação, sempre empolgantes, dinâmicas, inventivas, claras na sua mise-en-scene...
O Longo Dia das Bruxas tem o potencial de agradar os fãs do original que terão acesso a uma outra perspectiva de uma história já conhecida e que, ao mesmo tempo, não sacrifica ideias do material base, mas também satisfaz quem está tendo contato pela primeira vez com sua trama. Como nos quadrinhos, segue a inteligência e apuro imagético de Jeph Loeb e Tim Sale com ideias amadurecidas sobra o Batman que ecoaram em incursões mais populares sobre o personagem, como a trilogia de Christopher Nolan, os games da franquia Arkham e possivelmente o futuro The Batman de Matt Reeves.
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