Cujo foi um título de terror lançado no início da década de 1980 que até hoje é bastante cultuado, não à toa integra atualmente o catálogo da Netflix. A produção foi dirigida por Lewis Teague, o mesmo de A Joia do Nilo e Olhos de Gato, e rapidamente se transformou em um dos grandes sucessos comerciais do seu estúdio na época, a Warner. Cujo também é uma das melhores adaptações cinematográficas de uma obra de Stephen King já feita para as telonas e há duas razões para esse título: a direção de Teague e a simplicidade da história.
Diferente de outras tramas mais complexas com sob o selo do autor, a trama de Cujo é bastante simples e seu propósito é muito direto. Aqui, acompanhamos a saga de um cachorro são bernardo acometido pela raiva depois de ser picado por um morcego. O dócil animal de repente se transforma numa criatura assustadora que encurrala Donna e seu filho. Presos em um carro, os dois são vigiados por Cujo, que só aguarda o mínimo vacilo para atacá-los.
Ainda que Cujo nos proporcione algumas leituras sobre temas frequentes nas obras de King, entre eles relações familiares mal arranjadas e a capacidade de superação de traumas e medos do ser humano (aqui, desde o primeiro encontro com Cujo, Donna demonstra seu medo de cães e do contato do seu filho com eles), o material acaba também destacando uma experiência satisfatória de recepção se encarado como uma história centrada na sua ação central, uma mãe e um filho encontrando uma maneira de se safar de uma situação de perigo.
Nesse sentido, a direção de Lewis Teague é fundamental, sobretudo quando a tensão se instaura em Cujo. O diretor consegue conferir uma atmosfera claustrofóbica e de constante perigo capaz de deixar os nervos do espectador à flor da pele. Isso é eficiente tanto do ponto de vista da mise-en-scène criada quanto na caracterização do próprio Cujo, que gradualmente sai da condição de pet para se transformar numa besta apavorante.
Apesar de todas as leituras possíveis da história, que podem acolher diversas metáforas, Cujo é mais simples do que outros trabalhos de King, basta pensarmos, por exemplo, na complexidade dos personagens de It e O Iluminado e suas relações. King é um autor sempre difícil de transpor para as telas justamente por esse motivo. Essa economia de expedientes para se contar uma história do gênero fez bem à adaptação e permitiu que Teague brilhasse na condução de um longa eficiente em sua capacidade de proporcionar tensão.
Cujo, 1983. Dir.: Lewis Teague. Roteiro: Lauren Currier. Elenco: Dee Wallace Stone, Danny Pintauro, Daniel Hugh Kelly, Ed Lauter, Kaiulane Lee, Billy Jayne. Disponível na Netflix, 93 min.
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