Os méritos da equipe de animação da Warner em seu trabalho com o catálogo da DC Comics não são novidade, ao menos por aqui no Chovendo Sapos. Toda vez que vamos abordar alguns dos títulos dessa catálogo mencionamos isso. Eles têm como ponto positivo conseguir convergir tramas e personagens em filmes que dão conta do universo DC com muita propriedade.
Tem pouco tempo que abordamos no site os méritos da versão recém-lançada pelo estúdio de Superman: Entre a Foice e o Martelo. Simultaneamente ao lançamento da recente animação do Homem de Aço no Brasil, eles também fizeram Liga da Justiça Sombria: Guerra de Apokolips e, curiosamente, também é um trabalho que procura imaginar determinados eventos e a reação de personagens que já conhecemos em circunstâncias hipotéticas. A diferença é que aqui tudo é delineado em um futuro fictício no qual Darkseid consegue efetivar seus planos de dominação espacial a partir da devastação da Terra.
Guerra de Apokolips é centrado em uma formação da Liga da Justiça que tem alguns dos integrantes da Liga da Justiça Sombria como elementos fundamentais. A animação é um projeto de ambições artísticas mais modestas e também com pouca pretensão de discutir temas de cunho político e social se a compararmos com Entre a Foice e o Martelo, por exemplo, mas é um filme que é bem-sucedido no seu propósito de oferecer uma trama com escopo mais comercial, dotada de grande senso de entretenimento. Guerra de Apokolips consegue trazer para sua animação a atmosfera grandiloquente dos grandes eventos da DC nas HQs e ao mesmo tempo não perde o fio da meada de se apresentar para o espectador como um material escapista, fundamentado na mitologia de super-heróis.
Como na maior parte dos recentes trabalhos do estúdio, a animação consegue distribuir sua atenção para os inúmeros personagens que compõem a sua trama, permitindo que cada um dos seus arcos particulares seja desenvolvido a contento. É claro que o foco da atenção aqui é John Constantine, representante máximo da Liga da Justiça Sombria, mas o Superman tem uma trajetória essencial na história. Paralelamente, há tramas que envolvem Batman e sua relação com o seu filho Damian Wayne, o Flash, Lex Luthor e até a Arlequina, que assume a liderança do falido Esquadrão Suicida depois da morte de Amanda Waller.
É interessante também como cada um dos personagens, que tradicionalmente pertencem a universos bem particulares da DC, são inseridos de maneira orgânica no mote da jornada apresentada na animação: derrotar Darkseid e seu exército. O roteiro do projeto foi capaz de conferir importância insuspeita a John Constantine no enfrentamento desse vilão, por exemplo. Essa capacidade de administrar tantas ramificações narrativas, seus desdobramentos e as mais heterogêneas personalidades envolvidas nelas foi o que sempre faltou ao extinto (?) projeto do DC Universe iniciado na produção de live actions com Homem de Aço.
Guerra de Apokolips talvez seja um dos melhores protótipos do que poderia ter sido o Vingadores: Ultimato da DC caso a produção de longas estivesse em mãos mais eficientes que as de Zack Snyder. É uma animação que tem esse escopo de apresentar um grande evento com todos os principais personagens da editora, se exibindo sem timidez como a grandiloquente aventura definitiva para uma geração de heróis. É impressionante como o estúdio chegou nesse nível de maturidade, conseguindo oferecer no mesmo ano e com semelhante nível de satisfação uma leitura cheia de personalidade e completamente apartada de eventos seriados como Superman: Entre a Foice e o Martelo e também uma aventura épica interligada com outros eventos DC como Liga da Justiça Sombria: Guerra de Apokolips.
Justice League Dark: Apokolips War, 2020. Dir.: Christina Sotta e Matt Peters. Roteiro: Ernie Altbacker e Mairghread Scott. Vozes de: Matt Ryan, Jerry O'Connell, Taissa Farmiga, Rebecca Romijn, Rainn Wilson, Rosario Dawson, Camilla Luddington. Disponível no Google Play, 90 min.
Assista ao trailer:
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