The Souvenir é a primeira parte de um projeto da diretora Joanna Hogg que acompanha a jornada de uma estudante de cinema. Durante o desenvolvimento de um filme, a jovem se apaixona por um homem mais velho que, ao mesmo tempo que a inspira e com quem compartilha uma afinidade intelectual, a destrói com sua capacidade de autodestruição pelo seu vício em drogas.
O longa é uma oportunidade para a diretora observar de maneira clínica os vícios de uma elite econômica e intelectual. Hogg utiliza sua narrativa para explorar as dinâmicas contraditórias de um grupo que quer muito falar e defender o proletariado, mas quase que não se comunica com ele por entender muito pouco da sua realidade.
Ensimesmados em seus próprios problemas e nas suas próprias fontes de prazer, os personagens de Hogg são vistos pela diretora como sujeitos ocos e até risíveis em seus conflitos e comiserações. Alheios a quaisquer problemas de proporções macro, até mesmo geopolíticos que os afetam, os personagens de The Souvenir contraditoriamente se preocupam com todas essas questões em dinâmicas que, na verdade revelam os as marcas das suas bolhas sociais. A protagonista, por exemplo, tem sua vida resumida ao seu apartamento localizado em uma região privilegiada de uma capital europeia, localizada no epicentro de episódios trágicos que acompanha pela janela ao mesmo tempo em que se preocupa com a desigualdade social e quer, a princípio, abordá-la em seu novo filme, algo que, posteriormente, fica à deriva em virtude dos seus problemas amorosos.
Com ares de nouvelle vague, The Souvenir, no entanto, parece cair no cadafalso de fazer aquilo que tanto critica. Não é um filme de fácil fruição e, por inúmeras vezes, a ironia da realizadora é camuflada involuntariamente pelo seu ímpeto vanguardista e elitista como cineasta. Algumas inserções são louváveis, como quando Hogg estabelece paralelos entre a criação da sua protagonista, interpretada muito bem por Honor Swinton-Byrne (cria de Tilda Swinton, que, por sinal, faz uma participação aqui como sua mãe), e sua própria história com o namorado vivido por Tom Burke, uma versão contemporânea das relações estabelecidas entre a elite séculos atrás, mas a ironia da cineasta parece muito mais nas entrelinhas, sufocada pela sofisticação estética do próprio projeto.
Com ares de nouvelle vague, The Souvenir, no entanto, parece cair no cadafalso de fazer aquilo que tanto critica. Não é um filme de fácil fruição e, por inúmeras vezes, a ironia da realizadora é camuflada involuntariamente pelo seu ímpeto vanguardista e elitista como cineasta. Algumas inserções são louváveis, como quando Hogg estabelece paralelos entre a criação da sua protagonista, interpretada muito bem por Honor Swinton-Byrne (cria de Tilda Swinton, que, por sinal, faz uma participação aqui como sua mãe), e sua própria história com o namorado vivido por Tom Burke, uma versão contemporânea das relações estabelecidas entre a elite séculos atrás, mas a ironia da cineasta parece muito mais nas entrelinhas, sufocada pela sofisticação estética do próprio projeto.
The Souvenir, 2020. Dir.: Joanna Hogg. Roteiro: Joanna Hogg. Elenco: Honor Swinton-Byrne, Tom Burke, Tilda Swinton, Richard Ayoade, Jack McMullen, Ariane Labed, Frankie Wilson. Disponível no Net Now, 120 min.
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