Depois de 17 anos, Will Smith e Martin Lawrence retornam às telas para viver novamente os tiras Mike e Marcus da franquia Bad Boys em Bad Boys para Sempre. É uma oportunidade para Smith amortecer o efeito do fracasso que foi Projeto Gemini, longa dirigido por Ang Lee e estrelado por ele no ano passado e que penou para conseguir alguns dólares nas bilheterias, além de ter recebido algumas críticas bem amargas. Nesse sentido, Bad Boys para Sempre é algo mais seguro, um projeto de retorno financeiro garantido para o astro.
O terceiro filme da franquia tira Michael Bay da cadeira de direção e o substitui por Adil El Arbi e Bilall Fallah, diretores belgas que acabaram cooptados por um grande estúdio hollywoodiano paraesse projeto. A substituição é bem vinda, já que, além de nos poupar dos excessos e do olhar extremamente machista de Bay, Bad Boys para Sempre traz sequências de ação muito bem dirigidas pela dupla, que mantém o longa como um filme de ação dosado por intervenções bem humoradas.
Bad Boys para Sempre é um filme morno para quem não tem qualquer tipo de relação afetiva com os filmes da franquia e um bom entretenimento para aqueles que aguardavam de alguma maneira essa terceira parceria entre Smith e Lawrence. O longa se perde um pouco ao tentar construir enredos mais dramáticos para seus dois protagonistas, que versam sobre a paternidade e os efeitos do envelhecimento, mas, como ocorre nesse tipo de trabalho, tudo acaba sendo perfumaria perto daquilo que realmente interessa ao projeto: a ação. O resultado é um lenga-lenga de tramas superficiais que só atrapalham a história e depõem contra os seus pontos positivos.
No mais, Bad Boys para Sempre obedece à risca a cartilha dessas narrativas protagonizadas por dois policiais amigos (os "buddies", no inglês) combatendo o crime organizado. É o tipo de história que parece sempre ter vez em Hollywood e que sempre encontra suas instâncias de celebração, mesmo quando se apresenta na forma de um filme tão genérico quanto este, que certamente renderá sequências, mesmo que se passe vinte ou trinta anos do seu lançamento.
Mais curioso ainda é como passa pela tangente do estúdio uma narrativa bem mais interessante que a de Will Smith e Martin Lawrence em Bad Boys para Sempre e que poderia perfeitamente render um longa dissociado dessa franquia. O longa tem uma vilã interpretada pela mexicana Kate del Castillo, que é basicamente uma mistura de Bibi Perigosa, personagem de Juliana Paes na novela A Força do Querer, com Fionna Goode, a bruxa matriarca vivida por Jessica Lange em American Horror Story: Coven. Pela história dessa personagem, eu pagaria fácil um ingresso de cinema!
Bad Boys for Life, 2020. Dir.: Adil El Arbi e Bilall Fallah. Roteiro: Joe Carnahan, Chris Bremner e Peter Craig. Elenco: Will Smith, Martin Lawrence, Kate del Castillo, Joe Pantoliano, Alexander Ludwig, Vanessa Hudgens, Charles Melton, Paola Nuñez, DJ Khaled. Sony, 104 min.
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