por Enoe Lopes Pontes
Frozen II traz a continuação da história da rainha Elsa (dublada por Idina Menzel) e sua irmã, a princesa Ana (voz de Kristen Bell). Com quase duas horas de projeção, a sensação que o filme traz é de má distribuição de ritmo, intensidade e progressão narrativa. Procurando um estilo e demorando a revelar o fio condutor da trama, a animação peca por demorar em engatar. Ainda assim, o resultado geral é uma produção que, no final das contas, consegue ser equilibrada e um tanto divertida.
A questão principal está na aparente indecisão
do tipo de linguagem que será selecionada por Jennifer Lee (roteiro e direção)
e Chris Buck (direção), pois a projeção horas parece um especial de final de
ano, horas um longa de fato. Isto porque nos primeiros minutos do segundo Frozen é complicado saber qual será o
foco de seu conteúdo, quando um tempo intenso de tela é usado para noite de
jogos entre as personagens principais e reinteração de acontecimentos da obra
anterior, mas nó não surge.
O constante fan service, inclusive, para de ser engraçado depois da terceira ou
quarta citação apresentada. O único momento que poderia ser mantido é quando
Olaf faz um resumo de tudo que já aconteceu com as irmãs até então, porque é
engraçado e faz sentido dentro da exibição. Parte do mérito está para a
dublagem feita por Fábio Porchat. Para os que vão ver dublado, a voz do ator
para o boneco de neve é o ponto alto aqui. O tom corriqueiro dado ao texto com
falas pesadas e sombrias remete a um estilo quase absurdista, de forma
proposital, criando uma espécie de complexidade para ele, fugindo um pouco da
sua planificação mostrada anteriormente.
Outro fator destacável é a qualidade
que o enredo ganha quando começa a se aproximar de seu desfecho. No instante em
que o público já sabe qual é o foco do filme, ele parece ganhar um fôlego e a
protagonista passa a revelar amadurecimento e consciência de seus atos. O ritmo
flui e tem-se ação e respiros equilibrados, porque os autores cessam as amarras
que estavam colocando para no texto. Contudo, esse desenrolamento ocorre um
tanto tarde e a finalização é abrupta. No ápice de suspensão, a solução chega
instantaneamente e dispara-se para o encerramento.
Apesar das pontas desconexas – início
que enrola e final que se apressa – a premissa da produção é justificável e não
soa como uma forçação para a realização de uma continuação. SPOILER Elsa, Ana e
Olaf amadurecem e transformam Arandelle em um lugar mais coerente e que busca
reparação por um passado injusto dos governantes anteriores. O triste é que Lee
e Buck não fazem tudo isto de forma mais certeira e deixam a força que Frozen II poderia ter se esvair.
Frozen 2, 2019. Dir.: Jennifer Lee e Chris Buck. Roteiro: Jennifer Lee. Vozes de: Idina Menzel, Kristen Bell, Jonathan Groff, Josh Gad, Sterling K. Brown, Evan Rachel Wood, Alfred Molina, Martha Plimpton, Jason Ritter. Disney, 103 min.
Assista ao trailer:
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