Por Enoe Lopes Pontes
Emma Thompson (vencedora do Oscar de melhor roteiro adaptado por Razão e Sensibilidade) no elenco e assinando o roteiro ao lado de Paul Feig (Caça-Fantasmas), que
também dirige o filme, que é protagonizado pela Emilia Clarke (a Daenerys de Game of Thrones). Os nomes nos créditos iniciais por si só já criam um clima de
expectativas para a nova comédia romântica natalina, Uma Segunda Chance para
Amar. Com estreia prevista para esta quinta-feira, 27, o longa conta a história
de Kate (Clarke), uma jovem que se sente um tanto perdida de qual rumo tomar na
vida.
A garota é cantora, mas possui um
emprego temporário, em uma loja de artigos natalinos, que fica aberta o ano
todo. Em um dia de expediente, ela conhece Tom (Henry Golding, de Podres de Ricos), um rapaz
extremamente atencioso que aparece em sua vida. Este é o start da trama e a
sensação inicial é de os rumos do enredo seriam os mais óbvios. Contudo, sem
revelar spoilers, é possível dizer que há um cuidado em buscar trazer elementos
que fazem sentido para a trajetória da personagem principal e em construir uma
progressão dramática* para que a empatia com Kate seja estabelecida e para que
a sua própria jornada seja entendida e justificada.
Até o clímax da história, o roteiro
de Thompson e Feig conhece realizar tal intento. À medida que as informações
vão sendo reveladas, o público pode começar a compreender o que está
acontecendo, quem são aquelas pessoas e o que as levou para o atual estágio que
estão. No entanto, na virada para o início di encerramento, a obra começa a se
perder e a projeção se enfraquece, porque deixa a sensação de indecisão em
relação ao desfecho dela e do foco do que ele mesmo quer passar. Os últimos 20
minutos tornam-se confusos, apressados e apelativos. Alguns momentos de flashback,
com a utilização de canções suaves, câmera lenta e zoom in que deixa um quadro em close-up, clamam por choro da
plateia e são um tanto repentinos, quebrando a conexão com o que vinha sendo
construído.
Neste balanço entre organicidade e
artificialidade tem-se o carisma e busca por um tom de naturalidade de Emilia
Clarke. A atriz foca em balancear os tons de melancolia, euforia e dor da sua
Kate. Em alguns momentos, ela faz lembrar papéis anteriores da Helena Boham
Carter, que trabalha bem com essa mistura entre o sombrio, cômico e toda a área
que existe entre as duas coisas.
Do outro lado, há Emma Thompson, uma
intérprete que tem um domínio da cena e isso é notável, mas que a sua decisão
de fazer uma mulher da Iugoslávia, de sotaque forte, costumes peculiares e
pouco entendimento da língua inglesa de maneira mais intensa, quebra com o que
está sendo apresentado na tela por todos os outros integrantes da produção. A
caricatura da figura feminina desolada e triste por ter passado por uma guerra
e ter criado duas filhas em um país diferente está ali, porém com certo toque
de pejorativo na caracterização. A sua Petra chega quase a ser uma Sybil
Trelawney (da saga Harry Potter).
Apesar de alguns tropeços e exagero,
Uma Segunda Chance para Amar entrega um romance de Natal que traz personagens
com carisma e humor, desenvolve as situações ao ponto de ficar claro durante a
exibição que aqueles indivíduos possuem complexidade e passados bem definidos.
Além disso, o casal Kate e Tom possui uma química e uma dinâmica de olhares,
gestos e toques que podem acarretar em uma torcida de quem assiste para que a
dupla termine junta.
* Aqui, no sentido do drama
aristotélico, que, resumidamente, pode ser explicado como ação. Ou seja, como
as ações são progressivas no contexto da presente obra.
Last Christmas, 2019. Dir.: Paul Feig. Roteiro: Emma Thompson e Bryony Kimmings. Elenco: Emilia Clarke, Henry Golding, Emma Thompson, Michelle Yeoh, Boris Isakovic, Maxim Baldry, Patti LuPone, Lydia Leonard. Universal, 103 min.
Assista ao trailer:
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