A ideia de trazer Helen Mirren e Ian McKellen como protagonistas de um filme sobre trapaças é extremamente sedutora. No entanto, A Grande Mentira engana bastante com sua fachada. Aquilo que poderia ser um filme completamente despojado e imerso no senso de divertimento que o subgênero normalmente proporciona, se transforma em um drama sobre revanchismo ausente de senso de timing na exposição das suas revelações por parte do roteiro e fora de tom por força de uma direção incerta daquilo que pretende fazer com sua trama.
No longa, conhecemos os personagens de McKellen e Mirren programando um encontro às cegas por um site de relacionamentos. Logo os personagens iniciam um relacionamento amoroso sem que ela saiba das verdadeiras intenções escusas do seu pretendente, que só está interessado em aplicar um golpe. Ele, no entando, acaba se encantando com a credulidade da sua "isca", o que cria ainda mais complicações no decorrer da história.
Pela seriedade que arrebata a trama de A Grande Mentira em seus twists, possivelmente, o diretor Bill Condon (do excelente Deuses e Monstros, mas também do questionável A Saga Crepúsculo: Amanhecer) optou por um tom mais soturno e melancólico para sua história. O problema é que a falta de timing do roteiro de Jeffrey Tatcher na oferta das revelações por trás das intenções do personagem de McKellen e Mirren tornam as pretensões desse longa ainda mais confusas para o espectador. A Grande Mentira não quer ser um filme leve, mas também não tem a densidade dramática que sua direção sugere pois suas soluções e twists são rasos e vão pelo caminho mais fácil para justificar o comportamento das suas personagens.
Com dificuldade para dizer a que veio até a sua última cena, que não poderia ser mais simplista, nem mesmo as atuações de McKellen e Mirren garantem a atenção do espectador, que sai indiferente e incerto sobre a experiência que teve com o longa. De certo, não era para ser um filme divertido - uma pena. Também não é denso do ponto de vista da psicologia dos seus personagens, nem politicamente engajado como sugere. Esse é um conflito instaurado que o filme e tampouco o espectador consegue resolver.
The Good Liar, 2019. Dir.: Bill Condon. Roteiro: Jeffrey Hatcher. Elenco: Helen Mirren, Ian McKellen, Russell Tovey, Jim Carter, Mark Lewis Jones, Laurie Davidson, Nell Williams, Michael Culkin. Warner, 110 min
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