A ideia de Ad Astra: Rumo às Estrelas é louvável, assim como aquilo que o filme faz pelo seu gênero, a ficção científica. Através da história de um astronauta interpretado por Brad Pitt, o filme de James Gray procura trazer um olhar introspectivo para a conciliação desse homem com ele mesmo. A proposta do longa é transformar essa procura existencial do homem nas suas investidas pelo espaço em uma espécie de sessão de terapia para o seu protagonista, com direito a relação mal resolvida com a figura paterna e tudo.
O longa de Gray, que pela primeira vez é cooptado pela indústria em um projeto endossado por gente graúda da indústria (a Fox e os produtores Brad Pitt e Rodrigo Teixeira), tem como mérito não pausterizar o cinema do seu diretor nos moldes de uma ideia de "cinema comercial". Ad Astra segue o perfil minimalista do realizador exibido em títulos como Z: A Cidade Perdida e Amantes, porém com um orçamento mais robusto.
A proposta do filme também é digna de reconhecimento dos seus méritos, dialogando o vazio do espaço, que parecem mais metáforas visuais, com os "buracos" existenciais do protagonista vivido por Pitt. O ator está excelente no papel do protagonista, demonstrando amadurecimento artístico em uma performance mais introspectiva no mesmo ano em que entregou aquele "show" de carisma que foi sua presença em Era uma vez em... Hollywood de Quentin Tarantino.
Apesar das suas qualidades e boas intenções, a execução em Ad Astra não é das mais exitosas, sendo um dos filmes mais enfadonhos da carreira do cineasta. Com menos recompensas ao espectador do que as demandas que faz do mesmo, Gray acaba criando um sci-fi monocórdico, sem grande clímax e que não é muito generoso com o público.
Ad Astra, 2019. Dir.: James Gray. Roteiro: James Gray e Ethan Gross. Elenco: Brad Pitt, Tommy Lee Jones, Donald Sutherland, Ruth Negga, Liv Tyler, Kimberly Elise, Loren Dean, Donnie Keshawartz, Sean Blakemore, Bobby Nish. Fox, 123 min.
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