É macabro, mas acaba sendo uma constatação que se renova a cada filme que traz a história da família Manson e seus assassinatos, sobretudo o da atriz Sharon Tate, essa trama ainda exerce um forte interesse de cineastas e do público. Quentin Tarantino abordou esse soturno episódio na história dos EUA recentemente em Era uma vez em...Hollywood, a série Mindhunter da Netflix traz Charlie Manson na sua segunda temporada, que estreou quase que simultaneamente com o longa, e acaba de chegar aos serviços de locação digital brasileiros O Massacre da Família Manson.
O filme é dirigido e roteirizado por Andrew Jones, um sujeito conhecido por filmes B de terror como Robert e que praticamente assume a condução de quatro a cinco longas de baixo orçamento a cada ano. Nesse aqui, entretanto, Jones "brinca" com um assunto sério. A ideia do realizador é fazer um filme de terror a partir do episódio verídico que marcou a cultura americana no final da década de 1960.
A trama de O Massacre da Família Manson oscila entre os eventos ocorridos em 1969 e a história de uma cantora que em 1992 viveu na mesma casa de Tate e Polanski e possui uma espécie de atração (bem da esquisita, diga-se de passagem) pelo bando de Manson. O filme é centrado na busca obstinada dessa personagem por respostas para seu estranho fascínio pelo caso, algo que, inclusive, a inspira artisticamente (!!!). Nessa busca interna, a personagem investiga fitas VHS que registraram estranhos eventos na residência antes da ação da família Manson.
A trama da década de 1990 é tratada por Jones sem vinculação convincente alguma com os eventos reais. Lá pelas tantas, o realizador apela para um misticismo que confirma uma suposta maldição. Fica ainda mais inacreditável a irresponsabilidade do cineasta com a história do crime quando ele volta ao passado e dramatiza os assassinatos cometidos, retratando seus assassinos de maneira pobre e simplificada como forças do mal, não explorando aspectos do culto ou dimensionando a bizarra sedução que o líder conseguia exercer. Para completar, O Massacre da Família Manson tem atuações canastronas que vão desde a protagonista interpretada por Brendeen Green até Michael David como Tex Watson e Ciaron Davies, intérprete de Manson.
O mau gosto de Andrew Jones é ainda mais sensível quando a gente percebe ao longo do filme uma ambição vanguardista. O longa dá a impressão de que na cabeça do realizador o projeto tem um propósito edificante, algo que culmina em uma incomoda homenagem às vítimas nos créditos (sério!). Intragável.
The Manson Family Massacre, 2019. Dir.: Andrew Jones. Roteiro: Andrew Jones. Elenco: Brendeen Green, Ciaron Davies, Michael David, Derek Nelson, Sarah John, Lee Bane, Vicki Glover, Melissa Hollett, Megan Lockhurst. Disponível no Net Now, 90 min.
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