Depois do Casamento foi um drama dinamarquês da cineasta Susanne Bier que em 2007 recebeu uma indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Como acontece desde sempre, Hollywood recicla o roteiro original do filme em uma versão americana protagonizada por Julianne Moore e Michelle Williams, dirigida e roteirizada por Bart Freundlich, que vem a ser marido de Moore e diretor de longas como O Mito das Digitais e Totalmente Apaixonados, ambos protagonizados pela atriz.
A versão americana de Depois do Casamento é daqueles filmes que parecem ter tudo no lugar certo, o que inclui seu duo imbatível de protagonistas e um melodrama instantaneamente passível de empatia. Entretanto, os esforços, infelizmente, não são de todo exitosos. É o tipo de obra ruim que a gente acaba lamentando não ter dado tão certo, impossível não torcer pelo êxito do filme diante de tantos elementos positivos que cercam seu contexto. No entanto, possivelmente, a peça mais frágil dessa "orquestra" é uma das mais fundamentais para seu sucesso, o seu diretor e roteirista.
O drama tem início quando Isabel, personagem de Williams, retorna aos EUA para pedir fundos para sua instituição de amparo social na Índia. Ela entra em contato com uma grande empresária vivida por Moore que está prestes a dar uma grande festa de casamento para sua filha. Na medida em que uma conhece a outra, alguns fatos do passado de ambas vêm à tona. Em comparação com a obra original, a grande alteração de Freundlich é no gênero das suas personagens principais. Enquanto o filme de Bier tinha dois homens como seus protagonistas, a versão americana é centrada em duas mulheres.
Freundlich exibe em Depois do Casamento uma trama repleta de problemas de ritmo com um roteiro vacilante na construção dos dilemas das suas personagens principais, nunca muito claros para o espectador. Ao passo que Williams e Moore conseguem oferecer camadas consistentes a suas personagens, contribuindo e muito para o interesse do espectador em seguir fiel na sua experiência de recepção do filme, o longa teima em andar nas reverberações não muito bem costuradas do seu plot.
A alteração do gênero das protagonistas de Depois do Casamento torna a história sutilmente mais interessante, mas o filme segue o mesmo resultado de outros tantos trabalhos do realizador americano. Freundlich apresenta como recorrente nos seus trabalhos anteriores os mesmos problemas que apresentamos anteriormente. Para a sorte do realizador ele conta com um elenco de competência acima da média que consegue explorar subtextos e conflitos não muito evidentes.
Sobre a relevância ou não de um remake de Depois do Casamento quando tantas obras originais podem ser feitas, particularmente, tenho poucas objeções. O cinema americano anda tão pasteurizado que dar visibilidade a cinemas desse tipo, com dramas e personagens tão próximos de nós, numa esfera mais comercial não é de todo execrável. Antes uma versão americana de Depois do Casamento do que o reboot de mais um blockbuster dos anos 80 em uma Hollywood que não consegue mais criar franquias que não apelem para a segurança da memória afetiva do público, sobretudo quando se tem duas atrizes tão interessantes e competentes quanto Julianne Moore e Michelle Williams na tela.
Sobre a relevância ou não de um remake de Depois do Casamento quando tantas obras originais podem ser feitas, particularmente, tenho poucas objeções. O cinema americano anda tão pasteurizado que dar visibilidade a cinemas desse tipo, com dramas e personagens tão próximos de nós, numa esfera mais comercial não é de todo execrável. Antes uma versão americana de Depois do Casamento do que o reboot de mais um blockbuster dos anos 80 em uma Hollywood que não consegue mais criar franquias que não apelem para a segurança da memória afetiva do público, sobretudo quando se tem duas atrizes tão interessantes e competentes quanto Julianne Moore e Michelle Williams na tela.
After the Wedding, 2019. Dir.: Bart Freundlich. Roteiro: Bart Freundlich. Elenco: Julianne Moore, Michelle Williams, Billy Crudup, Abby Quinn, Alex Esola, Will Chase, Doris McCarthy, Azhy Robertson, Susan Blackwell, Eisa Davis. Diamond Filmes, 112 min.
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