Atentado ao Hotel Taj Mahal narra os eventos que ocorreram num luxuoso hotel da Índia quando um grupo de terroristas fizeram seus funcionários e hóspedes reféns. O primeiro longa de Anthony Maras depois de uma carreira em documentários e curtas é mais um título dessa leva de produções que começaram a ter interesse pelos conflitos e problemas sociais do oriente, dramatizando grandes tragédias humanas, a maioria envolvendo atos terroristas e suas vítimas globais. Ainda que se esforce para contar sua história com um mínimo de originalidade, é inevitável sentir em Atentado ao Hotel Taj Mahal algumas reminiscências desse filão que parecem ainda reduzir seus personagens e tramas a um grande e desinteressante clichê.
O longa de Maras tem diversos focos de interesse, mas os centrais acabam sendo uma família encabeçada por um homem americano (Armie Hammer) e uma indiana (Nazanin Boniadi) e um funcionário do estabelecimento vivido por Dev Patel. Ao longo do filme, o espectador acompanha o cerco fechado contra as pessoas que estão presas no hotel junto com os jovens terroristas, culminando com a saída que as vítimas encontram para se desvencilhar da situação.
Há méritos na produção. Atentado ao Hotel Taj Mahal é bastante cru nas suas cenas de violência, possivelmente uma herança da carreira de Maras em documentários. É interessante também como o filme consegue apresentar não apenas a perspectiva das vítimas como também dos terroristas para o espectador, sendo esse o aspecto mais original do drama, sobretudo quando explora minúcias das relações entre esses grupos e as famílias dos jovens. O longa mostra como os terroristas e seus pais são cooptados de realidades miseráveis com promessas de redenção espiritual e recompensas materiais que acabam sendo o mote para seus atos violentos.
Acontece que a originalidade de Atentado ao Hotel Taj Mahal para por ai. Por mais que o episódio narrado pelo filme tenha evidentemente marcado suas vítimas e a história do seu país, para quem assiste à produção ela acaba se apresentando mais como um exemplar corriqueiro do gênero com personagens representando funções recorrentes nessas histórias (a família de turistas, o nobre e heróico funcionário indiano, o misterioso russo milionário) ficando difícil captar a atenção do espectador ao longo de sua projeção sobretudo porque o desfecho de alguns fica óbvio desde o princípio. Os temas do filme também não são nada originais, versando sobre a questão religiosa, a intolerância cultural etc. É um longa bem intencionado, mas acaba se revelando genérico pelos seus protagonistas e pela situação de sobrevivência que eles vivem ao enfrentar o terror contemporâneo do terrorismo impulsionado pelo fanatismo religioso.
Hotel Mumbai, 2019. Dir.: Anthony Maras. Roteiro: Anthony Maras e John Collee. Elenco: Dev Patel, Armie Hammer, Nazanin Boniadi, Tilda Cobham-Hervey, Jason Isaacs, Amandeep Singh, Suhail Nayyar, Kapil Kumar Netra. Imagem Filmes, 123 min.
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