Dando continuidade ao projeto da Warner de compor um conjunto de filmes protagonizados por monstros clássicos do cinema - e que deve culminar num encontro entre Kong e Godzilla -, Godzilla 2: Rei dos Monstros é a continuação de Godzilla de 2014. Aparando alguns deslizes do filme anterior e insistindo em aspectos que já se mostraram vacilantes na franquia, o filme recompensa e frustra o espectador em iguais medidas. Dessa vez dirigido por Michael Dougherty, o mesmo de Krampus: O Terror do Natal, o longa finalmente investe no seu propósito, os monstros, mas persiste em entupir sua trama de protagonistas humanos com dramas e personalidades desinteressantes.
O filme tem início nos apresentando a uma família encabeçada pelos personagens de Vera Farmiga e Kyle Chandler, que perdem um de seus filhos no episódio protagonizado por Godzilla no filme de 2014. Em meio ao aparecimento de novas criaturas, a humanidade tenta encontrar formas de estabelecer uma nova ordem a fim de que exista algum tipo de equilíbrio na Terra e Godzilla parece ser peça fundamental para a manutenção de uma certa ordem no planeta.
O longa de Dougherty mostra-se superior ao filme anterior por assumir-se enquanto filme de monstros e não ter vergonha de ser alicerçado em ambiciosas cenas de lutas entre as criaturas (dessa vez, o Godzilla se depara com três delas). Visualmente, inclusive, todas essas sequências são bastante inspiradas utilizando os poderes dos monstros como lança raios ou chamas coloridas para criar um jogo de cores rico em cada plano.
É uma pena que, assim como o filme de 2014, Godzilla 2: Rei dos Monstros insista em rasos dramas familiares. Se antes tínhamos o jovem casal protagonizado por Aaron Taylor-Johnson e Elizabeth Olsen, aqui ficamos com uma família enlutada formada por Farmiga, Chandler e Millie Bobby Brown. O conflito desses personagens é desinteressante pelo "lugar comum" de seus propósitos na história, apelando para uma dúzia de clichês de tramas de filmes catástrofes. Entre os humanos, Ken Watanabe revela-se como a figura mais interessante com sua singular relação com o monstro Godzilla e por representar o único elemento forte de cultura oriental presente na história.
Acertando ao não ter medo de exibir a sua criatura e abraçar suas origens (Godzilla é mostrado de corpo inteiro e não vergonhosamente em partes como no anterior), Godzilla 2: Rei dos Monstros ainda insiste em cacoetes melodramáticos que já deveriam ter sido dispensados. Deve agradar aos fãs do monstro japonês, mais bem que merecia um segundo polimento.
Godzilla: King of the Monsters, 2019. Dir.: Michael Dougherty. Roteiro: Michael Dougherty e Zach Shields. Elenco: Vera Farmiga, Millie Bobby Brown, Kyle Chandler, Charles Dance, Ken Watanabe, Ziyi Zhang, Bradley Whitford, Sally Hawkins, Thomas Middleditch, David Strathairn, Aisha Hinds. Warner, 131 min.
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