A promessa de Brightburn: Filho das Trevas é evidente desde o princípio. O filme propõe contar a história de origem de um Superman dark, lançando a hipótese da chegada de um super ser na Terra que utilizasse seus super-poderes para o mal. A produção aparenta originalidade no seu olhar, mas não é a primeira (e nem será a última) vez que imaginam uma versão do personagem perversa, tirânica e sanguinária, isso já foi visto inúmeras vezes em outras mídias e até mesmo de maneira torta nos cinemas. Ainda assim, tudo é vendido no filme como uma grande sacada.
Há outra questão em Brightburn. Fica claro desde o princípio que o terror é um paratexto, um comentário a respeito de uma obra que já existe. Ao mesmo tempo, essa pretensão clara do filme não é muito assumida pelo estúdio, fazendo com que o filme surja nos cinemas como algo meio ambíguo, de natureza e propósito incerto. Isso tudo é bastante conflituoso na tela pois a trama de Brightburn o tempo inteiro conecta a história do jovem Brandon Breyer com a de Clark Kent em Smallville. Não há um único elemento de Brightburn que não faça parte da gênese do Superman. Nisso, o filme fica empacado nessa proposta, que não surge como premissa para a construção de algo mais consistente e próprio.
Como Clark, Brandon é adotado por uma família de fazendeiros do interior dos EUA e, conforme seus poderes se manifestam, cresce com a clara sensação de ser um outsider, mesmo sendo bastante amado por seus pais. Apesar da eficiência técnica e dos efeitos de horror como experiência imagética, Brightburn não avança muito no desenvolvimento da sua hipótese narrativa, contentando-se com uma superficialidade no desenvolvimento da história e dos seus personagens.
Não sendo abraçado por razões óbvias pelo selo DC Comics, mas também não creditando as origens da inspiração para sua história, ainda que o espelho que a produção mira consuma o filme até a medula, Brightburn é algo difícil de se avaliar. Não há deslizes evidentes na condução da sua história e o diretor David Yaroveski se apropria muito bem do gore com suas cenas de violência gráfica, mas é uma produção que se "vende" de maneira esquisita para o espectador. Termina a sessão e a sensação que fica é da incerteza sobre aquilo que foi visto, onde ele quer chegar e que tipo de impressão deixa no espectador.
É um filme propositalmente não original, tendo um material base como referência que se faz presente em todas as linhas do seu roteiro, mas ao mesmo tempo não pode ser tão incisivo acerca de suas pretensões por razões empresariais, afinal é um projeto germinado na Sony e não na Warner, casa da DC. Brightburn aparenta querer abrir uma franquia que pretende fazer uma releitura do cinema de super-heróis a partir do gênero horror, mas parece o tempo inteiro frisar-se para o espectador como algo extremamente singular quando na verdade não é. A produção acaba se tornando um filho incerto do frenesi atual por super-heróis e da boa fase do gênero horror, mas escorrega por não ser claro o suficiente o que quer com essa convergência de propostas.
É um filme propositalmente não original, tendo um material base como referência que se faz presente em todas as linhas do seu roteiro, mas ao mesmo tempo não pode ser tão incisivo acerca de suas pretensões por razões empresariais, afinal é um projeto germinado na Sony e não na Warner, casa da DC. Brightburn aparenta querer abrir uma franquia que pretende fazer uma releitura do cinema de super-heróis a partir do gênero horror, mas parece o tempo inteiro frisar-se para o espectador como algo extremamente singular quando na verdade não é. A produção acaba se tornando um filho incerto do frenesi atual por super-heróis e da boa fase do gênero horror, mas escorrega por não ser claro o suficiente o que quer com essa convergência de propostas.
Brightburn, 2019. Dir.: David Yaroveski. Roteiro: Brian Gunn e Mark Gunn. Elenco: Elizabeth Banks, David Denman, Jackson A. Dunn, Jennifer Holland, Matt Jones, Meredith Hagner, Emmie Hunter, Becky Wahlstrom. Sony, 91 min.
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