Keanu Reeves conseguiu seguir como nome relevante em Hollywood mesmo depois de um certo escanteio dos grandes estúdios. Depois do sucesso inesperado da franquia John Wick, apresentando-o para toda uma nova geração de espectadores e mantendo seu público cativo dos tempos de Matrix e Velocidade Máxima, o astro venceu a ingrata barreira do tempo e segue como um dos principais nomes do cinema de ação.
Assim, é de se estranhar que Reeves tenha aceitado participar de um longa tão barato quanto Cópias: De Volta à Vida. O ator está num momento tão bom de sua carreira que a ficção-científica em questão surge como um material completamente destoante em sua filmografia, o tipo de coisa que uma estrela só aceitaria fazer num momento ruim da sua trajetória e por muito dinheiro tamanha baixa qualidade do material.
Assim, é de se estranhar que Reeves tenha aceitado participar de um longa tão barato quanto Cópias: De Volta à Vida. O ator está num momento tão bom de sua carreira que a ficção-científica em questão surge como um material completamente destoante em sua filmografia, o tipo de coisa que uma estrela só aceitaria fazer num momento ruim da sua trajetória e por muito dinheiro tamanha baixa qualidade do material.
O longa conta a história de um cientista que trabalha para um grande laboratório responsável por desenvolver um experimento de transmissão de consciência de pessoas mortas para máquinas. Quando a família dele morre vítima de um trágico acidente, ele resolve fazer um teste e trazê-los de volta à vida. O resultado, obviamente, não é dos mais exitosos.
Com essa premissa, Cópias: De Volta à Vida não consegue manter o foco da sua história. Um roteiro pobre e vacilante trata o gênero sci-fi com completa displicência. A impressão que passa é que para os realizadores do filme, basta entupir a trama de conceitos mal explicados envolvendo genética e tecnologia para o projeto se enquadrar no gênero e satisfazer os seus fãs sem qualquer tipo de reflexão consistente sobre aquilo que a trama convoca e como manipula essas questões em prol da narrativa.
O longa parece não entender qualquer premissa básica sobre clonagem ou ética científica, perdendo-se em questões que estabelece desde o princípio e levando seu protagonista a tomar as decisões mais tolas possíveis como cientista (nem dá para acreditar que o sujeito tenha uma carreira bem-sucedida enquanto tal). Como se não bastasse, o longa toma rumos inesperadamente ruins, com soluções que não dizem muito ao espectador e parecem feitas no improviso, como se os realizadores do projeto não soubessem bem o que fazer com a trama no terceiro ato e a entupissem de elementos que não trazem coerência alguma a uma história que já começa mal.
Protagonizado por um Reeves canastrão, fracassando na transmissão de qualquer tipo de emoção em cena, Cópias: De Volta à Vida ainda passa vergonha pelo ponto de vista técnico. Os efeitos visuais sofríveis do longa são escancarados logo na primeira cena com um robô cujos movimentos dão uma aparência involuntariamente hilária de stopmotion. É o tipo de vergonha que um astro em alta como Reeves poderia evitar. Mais inacreditável ainda é que com tanto filme de boa qualidade chegando diretamente por streaming no Brasil uma distribuidora tenha apostado num lançamento de um sci-fi tão "vagabundo" como Cópias: De Volta à Vida nos cinemas. Francamente...
Replicas, 2018. Dir.: Jeffrey Nachmanoff. Roteiro: Chad St. John. Elenco: Keanu Reeves, Alice Eve, Thomas Middleditch, John Ortiz, Emjay Anthony, Emily Alyn Lind, Aria Lyric Leabu, Nyasha Hatendi, Amber Rivera. Paris Filmes, 107 min.
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