Boy Erased: Uma Verdade Anulada chega para o público brasileiro diretamente em DVD e serviços de streaming. O longa é baseado no livro de mesmo título escrito por Garrard Conley e narra a experiência do autor após revelar a seus pais ser gay e ser encaminhado para um centro de conversão da homossexualidade sugerido por integrantes da igreja na qual o seu pai era pastor. Filme e livro denunciam essa prática, mostrando a violência física e psicológica sofrida pelo protagonista durante a experiência no local.
O projeto é dirigido e roteirizado por Joel Edgerton, que tinha apenas como credencial de direção o suspense O Presente e alguns curtas. Aqui, Edgerton faz uma participação como o gestor desse centro, mas o interesse do drama é todo no personagem de Lucas Hedges (indicado ao Oscar por Manchester à Beira Mar). Hedges vive Conley sob o nome de Jared Eamons. O projeto também tem nomes de peso entre os seus coadjuvantes, como Nicole Kidman e Russell Crowe (ótimos, especialmente Crowe), vivendo os pais de Jared, além dos músicos Troye Sivan e Flea, o cineasta Xavier Dolan e a premiada Cherry Jones.
Assim como O Mau Exemplo de Cameron Post, que chega aos cinemas, Boy Erased: Uma Verdade Anulada é um projeto relevante por denunciar um tipo de prática absurda e extremamente violenta, colocando em evidência a discussão sobre a homofobia da nossa sociedade. Na direção, Edgerton também é bastante honesto ao se colocar como sujeito externo que observa uma realidade e procura ter empatia por seu protagonista, um movimento tão sensível da parte do diretor que ele é capaz de dimensionar a vivência de um rapaz homossexual em um núcleo familiar conservador e os inevitáveis conflitos disso quando sua condição vem à tona.
O filme consegue arrancar de Lucas Hedges um desempenho formidável como o rapaz do título. No entanto, por vezes, deixa de lado a espontaneidade das suas emoções. O longa enfatiza "grandes cenas" evidenciando a força dramática dessas situações quando a ênfase é completamente desnecessária, afinal o projeto conta com bons atores, que, por sinal, estão melhor em serviço quando dão polimento a detalhes, a exemplo da dinâmica sexista dos Eamons brilhantemente retratada por Nicole Kidman e Russell Crowe em cenas triviais como uma refeição em família ou quando Jared revela aos pais ser homossexual.
O filme consegue arrancar de Lucas Hedges um desempenho formidável como o rapaz do título. No entanto, por vezes, deixa de lado a espontaneidade das suas emoções. O longa enfatiza "grandes cenas" evidenciando a força dramática dessas situações quando a ênfase é completamente desnecessária, afinal o projeto conta com bons atores, que, por sinal, estão melhor em serviço quando dão polimento a detalhes, a exemplo da dinâmica sexista dos Eamons brilhantemente retratada por Nicole Kidman e Russell Crowe em cenas triviais como uma refeição em família ou quando Jared revela aos pais ser homossexual.
Boy Erased: Uma Verdade Anulada é um filme de ganhos e perdas. É inegável sua importância e a necessidade de ser assistido pela reverberação social que ele pode trazer, mas como peça cinematográfica tem um tratamento marcado por dissonâncias, acertos e derrapadas que entram em conflito na narrativa.
Boy Erased, 2018. Dir.: Joel Edgerton. Roteiro: Joel Edgerton. Elenco: Lucas Hedges, Nicole Kidman, Russell Crowe, Joel Edgerton, Torye Sivan, Joe Alwyn, Xavier Dolan, Flea, Cherry Jones, Madelyn Cline, Victor McCay, David Joseph Craig. Universal, 115 min.
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