O escritor Ian McEwan teve sua carreira lançada à popularidade quando em 2007 o cineasta Joe Wright trouxe para os cinemas Desejo e Reparação, adaptação de Reparação aclamado romance do autor. No entanto, McEwan já teve experiências como roteirista, então não é "figurinha" nova no cinema - ele é responsável pelo roteiro de O Anjo Malvado, drama com Macaulay Culkin e Elijah Wood de 1994, por exemplo. Nos últimos anos, McEwan tem investido na adaptação das suas próprias histórias. On Chesil Beach chegou para as telas com Saoirse Ronan com um script de sua autoria (ainda inédito no país) e Um Ato de Esperança também.
Um Ato de Esperança é baseado num romance de McEwan chamado A Balada de Adam Henry. Na história, uma experiente juíza, interpretada no longa por Emma Thompson, se vê diante de um caso delicado para solucionar, mas que acaba não enxergando em meio à banalidade que anos de carreira acabaram lhe trazendo como legado. Em meio a uma crise pessoal no seu casamento, ela tem que decidir se um paciente de leucemia deve ou não receber transfusão de sangue. A querela se estende porque o rapaz em questão é testemunha de Jeová e resiste a solução médica que pode salvar a sua vida pois, por sua crença, acredita que se contaminará caso receba sangue de outra pessoa.
McEwan traz para o roteiro de Um Ato de Esperança as características de sua literatura, deixando algumas questões importantes da sua história à cargo daquilo que não é dito pelos seus personagens. O grande problema do drama é que ele é dirigido por Richard Eyre, de Íris e Notas sobre um Escândalo, um diretor que não costuma ser muito criativo na sua condução, apesar de arrancar desempenhos notáveis dos seus atores. Eyre prefere guiar-se completamente pelo roteiro e ter muito cuidado com a interpretação dos seus protagonistas.
Acontece que esse é o tipo de filme que precisa de um diretor com pulso e vontade de intervir visualmente em sua história. Em Um Ato de Esperança isso resulta em mais um desempenho notável de Emma Thompson, mas numa história pouco inspirada do ponto de vista imagético. Não é um longa que explora o suficiente eventuais potencialidades de recursos audiovisuais para auxiliar o trabalho de Ian McEwan e acaba se transformando num filme que diz muito pouco a que veio.
Acontece que esse é o tipo de filme que precisa de um diretor com pulso e vontade de intervir visualmente em sua história. Em Um Ato de Esperança isso resulta em mais um desempenho notável de Emma Thompson, mas numa história pouco inspirada do ponto de vista imagético. Não é um longa que explora o suficiente eventuais potencialidades de recursos audiovisuais para auxiliar o trabalho de Ian McEwan e acaba se transformando num filme que diz muito pouco a que veio.
Um Ato de Esperança é a jornada de autoconhecimento de sua protagonista, que com anos de carreira jurídica nunca parou para pensar como suas decisões reverberam na vida dos "objetos" das suas sentenças. Ao estreitar a relação com o jovem testemunha de Jeová, a personagem de Thompson começa a perceber a reverberação das suas decisões na vida dos outros e, consequentemente, passa a refletir sobre esse processo na sua própria vida. É um filme complexo do ponto de vista da construção do arco dessa protagonista, mas cuja direção deixa tudo muito reticente.
The Children Act, 2018. Dir.: Richard Eyre. Roteiro: Ian McEwan. Elenco: Emma Thompson, Stanley Tucci, Fionn Whitehead, Ben Chaplin, Nikki Amuka-Bird, Rosie Cavaliero, Jason Watkins, Ruppert Vansittart. A2 Filmes, 105 min.
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