O iraniano Asghar Farhadi venceu em 2012 o Oscar de melhor filme estrangeiro com o drama familiar A Separação, pelo qual também concorreu ao prêmio de melhor roteiro original. Depois do feito, conseguiu mais um Oscar de melhor filme estrangeiro com O Apartamento. Depois disso, como esperado, o realizador iniciou seu flerte com a produção internacional, mas optou pelo circuito europeu. Em Todos já Sabem, o diretor vai para a Espanha e narra um drama familiar como é costume em sua filmografia, uma história repleta de segredos e desavenças que vêm à tona depois que algo acontece na festa de casamento da irmã mais nova da protagonista.
Todos já Sabem conta com um elenco de peso: Penélope Cruz, Javier Bardem e Ricardo Darín dão vida ao triângulo central desse drama. A história tem como estopim a ocorrência de um crime, acenando para uma trama policial, mas o interesse do diretor e roteirista segue nas relações familiares que permeiam essa história. Laura (Cruz) retorna a Madrid para o matrimônio da irmã mais nova com os dois filhos e sem o marido Alejandro (Darín), que, por impossibilidades pessoais, ficou na Argentina, onde trabalha e vive com a esposa desde que se casaram. Quando retorna para a casa do pai e das suas irmãs, Laura reencontra Paco (Bardem), um amor de juventude que hoje prospera com a produção de vinhos numa grande propriedade rural.
O que ocorre no casamento, serve para a relação traga à tona uma série de questões mal resolvidas e camufladas pelas convenções da convivência social. Com Todos já Sabem Farhadi quer fazer um filme sobre questões pendentes entre família, rancores revelados diante de uma tragédia, afinal quaisquer ressentimentos passam a ser mais evidentes nessas circunstâncias. Isso cria no ambiente familiar da história uma atmosfera na qual, em diversas circunstâncias os personagens desconfiam uns dos outros, "brincando" com as expectativas que eles eventualmente criam para o público.
Toda a situação orquestrada por Farhadi e seu roteiro é interessante. Assim como nos longas anteriores do realizador, aos poucos, sem o espectador sentir, através da consecutividade de eventos banais, ele expõe camadas densas sobre as dinâmicas entre seus protagonistas que só ficam claras ao espectador ao final da sessão.
O problema de Todos já Sabem, entretanto, é que o cineasta parece levar seu modo de confeccionar histórias ao extremo, num filme que leva tempo demais para fazer sua trama central decolar. No lugar da observação de um cotidiano que instiga gradualmente a curiosidade e constrói a empatia do espectador com sua história e personagens, Todos já Sabem tece uma sequência de momentos de dramaticidade inflada que parecem redundantes ao espectador, expondo dores dos seus protagonistas que se reiteram. Nisso, até mesmo o desempenho do "trio de ouro" do diretor parece não impressionar o público. É certo que tudo isso parece proposital, afinal o longa trata de segredos familiares contraditoriamente evidentes, mas essa sensação de redundância de eventos e revelações não precisava ser sentida com tanta ênfase pelo espectador.
O problema de Todos já Sabem, entretanto, é que o cineasta parece levar seu modo de confeccionar histórias ao extremo, num filme que leva tempo demais para fazer sua trama central decolar. No lugar da observação de um cotidiano que instiga gradualmente a curiosidade e constrói a empatia do espectador com sua história e personagens, Todos já Sabem tece uma sequência de momentos de dramaticidade inflada que parecem redundantes ao espectador, expondo dores dos seus protagonistas que se reiteram. Nisso, até mesmo o desempenho do "trio de ouro" do diretor parece não impressionar o público. É certo que tudo isso parece proposital, afinal o longa trata de segredos familiares contraditoriamente evidentes, mas essa sensação de redundância de eventos e revelações não precisava ser sentida com tanta ênfase pelo espectador.
Todos lo saben, 2018. Dir.: Asghar Farhadi. Roteiro: Asghar Farhadi. Elenco: Penélope Cruz, Javier Bardem, Ricardo Darín, Eduard Fernández, Bárbara Lennie, Inma Cuesta, Elvira Mínguez, Ramón Barea, Carla Campra, Sara Sálamo. Paris Filmes, 132 min.
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