Produção da Disney de 1964 que rendeu a Julie Andrews o Oscar de melhor atriz e o prêmio de efeitos especiais ao unir atores de "carne e osso" e animação, Mary Poppins é um clássico musical que marcou gerações baseado na obra literária da inglesa P.L. Travers. Era a história da babá cheia de truques da ordem do fantástico que modificava a dinâmica da família Banks ao chegar do céu com sua maleta e guarda-chuva para cuidar dos meninos Jane e Michael.
Em 2018, a babá retorna aos cinemas na encarnação da inglesa Emily Blunt, que, de antemão, em nada deixa a desejar em comparação com a versão de Andrews, para transformar a vida de Jane e Michael novamente. Agora crescidos, as crianças da família Banks do longa de 1964 têm que lidar com uma dívida familiar em meio à ausência da esposa de Michael, um luto que o deixa desamparado na criação dos seus três filhos. É nesse momento que Mary Poppins chega dos céus para mais uma vez mostrar aos Banks um outro olhar sobre a vida e os problemas.
Conduzido por Rob Marshall, cuja tradição em musicais na Broadway sempre foi bem-vinda em adaptações do gênero para o cinema pelo mesmo compreender as demandas do mesmo e ter um profundo senso de composição do espetáculo, O Retorno de Mary Poppins mantém a essência do clássico entendendo precisamente o lugar que a personagem tem na dinâmica daquela família e como aspectos como a imaginação e o otimismo são propulsores fundamentais da vida nos momentos mais difíceis. O longa assume o caráter lisérgico da obra original e é marcado por um senso estético apurado que proporciona um show visual, muitas vezes em detrimento da narrativa, o que no caso é ótimo.
Ao lado de atores como Lin-Manuel Miranda, Ben Whishaw, Colin Firth e Meryl Streep numa participação bem interessante, Emily Blunt brilha no papel e quase não fica resquício da lacuna que representaria o toque de Julie Andrews para a personagem. Blunt encontra um caminho próprio para sua personagem, assim como preserva elementos da sua antecessora numa interpretação reverencial, mas cheia de personalidade. Assim, O Retorno de Mary Poppins, tal qual o longa de 1964, se transforma numa jornada mágica, emocionante, afetuosa e positivamente escapista para o espectador, mas repleta de excertos fundamentais sobre a árdua missão de não se obscurecer com as pancadas da vida adulta.
Mary Poppins Returns, 2018. Dir.: Rob Marshall. Roteiro: David Magee. Elenco: Emily Blunt, Lin-Manuel Miranda, Ben Whishaw, Emily Mortimer, Joel Dawson, Pixie Davies, Nathanael Saleh, Julie Walters, Colin Firth, Meryl Streep, Dick Van Dyke. Disney, 130 min.
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