Hotel Artemis sofre do mesmo mal de outros tantos projetos: a entrega de uma ótima premissa que não é desenvolvida a contento ao longo do filme. O longa dirigido e roteirizado por Drew Pearce, conhecido pelo roteiro de Homem de Ferro 3 (que já não é uma boa credencial), parte de uma proposta interessante, mas tem dificuldade para fazer sua trama sair do ponto de partida, "cozinhando" o espectador até uma resolução dos pontos de tensão que apresenta. A trama de Hotel Artemis parece amarrada demais ao conceito de uma sinopse da qual não consegue se desvencilhar e nem mesmo elementos extremamente positivos do filme, como o seu elenco de talentos notáveis, consegue ser bem servido por Pearce.
Hotel Artemis nos traz uma trama que se passa num futuro próximo e tem a personagem de Jodie Foster como elo nos conflitos que surgem entre alguns personagens. Foster interpreta uma enfermeira residente de um antigo hotel de Los Angeles, o Hotel Artemis que dá título ao longa. O local serve como uma espécie de hospital de emergência para atender vítimas de ferimento das ruas da cidade, um lugar que passou a ser uma espécie de eterno purge day, situação na qual as leis são suspensas e as ruas ficam entregues ao caos de ações criminosas.
No Hotel Artemis, diversos personagens se encontram e são cuidados pela personagem de Foster numa única noite. A situação faz o longa anunciar uma crescente tensão, prometendo entregar algum clímax lá pelas tantas que fará convergir a história dessas figuras interpretadas por nomes interessantes como Dave Bautista, Sofia Boutella, Jeff Goldblum, Zachary Quinto, Sterling K. Brown, Jenny Slate e Charlie Day. O grande problema é que o roteiro de Drew Pearce apenas promete esse grande momento e quando ele supostamente ocorre, o espectador fica completamente indiferente àquilo que é apresentado.
Entre as questões mal resolvidas do longa está a anunciada aparição de um perigoso gângster interpretado por Jeff Goldblum, cujas ações jamais fazem justiça aquilo que os demais personagens falam dele, a tensão entre a femme fatale de Sofia Boutella e os personagens de Sterling K. Brown e Charlie Day e a relação de confiança entre a enfermeira de Foster e seu escudeiro interpretado por Dave Bautista. Todos esses elementos poderiam render um ótimo filme, mas o tratamento que Drew Pearce dá a cada um deles é superficial. Até mesmo a atmosfera singular daquele universo, construída por um trabalho interessante da direção de arte na construção do hotel como cenário predominante da trama, parece se dissolver por entre os dedos do realizador, que não consegue sustentar o interesse do público pelo seu filme somente pelo visual que ostenta.
Hotel Artemis é o típico caso da ideia brilhante, mas que não encontra as mãos e a mente hábil para executá-la, resta ao filme segurar o interesse do espectador pelo trabalho impecável de Jodie Foster na composição de uma personagem repleta de emoções complexas e que também exige da atriz todo um trabalho corporal. É o tipo de performance que nos faz lembrar como a Jodie Foster atriz é soberba, algo que nos últimos anos temos cada vez menos lembrança tendo em vista suas raras aparições à frente das telas. É uma pena que mais esse grande momento da atriz fique comprometido por um filme que parece não saber muito bem o que fazer com o universo que cria.
Hotel Artemis, 2018. Dir.: Drew Pearce. Roteiro: Drew Pearce. Elenco: Jodie Foster, Sterling K. Brown, Dave Bautista, Charlie Day, Jeff Goldblum, Sofia Boutella, Zachary Quinto, Jenny Slate. Diamond Filmes, 94 min.
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