Por trás dos bonecos de célebres programas de TV como Os Muppets e A Família Dinossauro está Brian Henson, diretor e produtor que chega aos cinemas em 2018 com Crimes em Happytime, uma comédia que se apropria de elementos do cinema noir para narrar uma investigação policial envolvendo o assassinato de um grupo de bonecos ex-integrantes de um extinto programa de televisão. À frente da investigação está o detetive Phil Philips, um boneco que após se envolver na morte acidental de um transeunte enquanto perseguia um bandido vive às voltas com esse fantasma do passado. Encabeçando o elenco de "carne e osso" do filme está Melissa McCarthy, cujo talento para o gênero está acima de qualquer suspeita com longas marcantes como Missão Madrinha de Casamento e A Espiã que Sabia de Menos.
O que Crimes em Happytime tem de melhor é a maneira como se apropria da atmosfera noir para criar a sua trama de assassinatos num cenário sugestivo como Los Angeles, algo que já vimos em tantas outras produções, porém numa roupagem mais "séria". Recursos recorrentes do gênero estão presentes no filme, de personagens clássicas como as femme fatales passando pela narração em off, tudo convoca com propriedade o cinema com o qual Henson pretende estabelecer comunicação.
É uma pena que o projeto se perca na comédia - e não deixa de ser algo lamentável tendo em vista o elenco de talentos do gênero que ele reúne, que vão desde a protagonista Melissa McCarthy a coadjuvantes como Elizabeth Banks e Maya Rudolph. Na maior parte do tempo, Crimes em Happytime parece um show de uma piada, possuindo gags que são ativadas por duas chaves: ou se apropria da situação esdrúxula de bonecos compartilharem o mundo com humanos, trazendo um texto sempre autoconsciente que envolve as propriedades físicas dos personagens de pelúcia (a principal delas é o fato deles serem recheados por espuma ou algodão) ou então apela para recursos como palavras chulas, escatologia e a sexualidade aflorada dessas personagens. Nada no filme foge disso.
Assim, Crimes em Happytime sai perdendo. Henson desperdiça sua interessante apropriação do cinema noir no universo dos seus bonecos com a comédia reiterativa do roteiro de Todd Berger que em algumas circunstâncias soa imaturo, como se tivesse sido escrito por um adolescente, e em outras aparenta simplesmente uma falta de estofo criativo capaz de surpreender o espectador com outras potencialidades de comicidade da sua trama.
The Happytime Murders, 2018. Dir.: Brian Henson. Roteiro: Todd Berger. Elenco: Melissa McCarthy, Bill Barretta, Maya Rudolph, Elizabeth Banks, Leslie David Baker, Joel McHale, Cynthy Wu, Michael McDonald, Mitch Silpa, Hemky Madera. Diamond Filmes, 91 min.
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