O Nome da Morte traz uma história que volta e meia é contada no cinema ou na literatura, a narrativa do jovem do interior corrompido pelo "canto" da cidade grande que oferece conforto material, mas a preço de uma vida no mundo do crime. Baseado na história de vida de um assassino de aluguel, o mais recente trabalho de Henrique Goldman (o mesmo de Jean Charles) traz o ator Marco Pigossi no papel de Julio Santana, um rapaz sem rumo na vida levado pelo tio policial para a capital e lá descobrindo um grande esquema infiltrado na polícia federal. O contato com as oportunidades desse mundo leva Julio a se transformar num requisitado pistoleiro.
Numa confusão entre o anseio pela narração de uma jornada heroica e crítica social, O Nome da Morte acaba se transformando num filme de difícil comunicação com o seu público. Goldman não se esforça muito na construção de multidimensionalidades para seus personagens, simplificando-os em estereótipos quando seu ponto de partida - o de um assassino de aluguel -, demandaria uma abordagem mais complexa e menos tendente a atenuar o olhar para os crimes do seu protagonista. De um lado temos o tio perverso de Júlio e do outro um rapaz que assume uma postura passiva diante das suas próprias ações. Goldman prefere entender que Julio - e até sua esposa, em dado momento - são tragados por um círculo vicioso, ainda que atormentados e fadados a uma espécie de maldição por assinarem uma promissória com o mal.
A falta de clareza com aquilo que Goldman de fato deseja com O Nome da Morte o transforma numa experiência inócua para o espectador, ainda que esse seja recompensado com o ótimo desempenho dos seus atores. Estreando em longas depois de uma carreira relativamente volumosa na televisão, Marco Pigossi consegue ter uma presença interessante em cena, acertando o tom nas diferentes fases da vida de Julio (da adolescência à vida adulta). Ao lado dele está Fabiula Nascimento, cuja personagem cresce bastante na história e rende momentos de intensa carga dramática para a atriz.
Ao longo do filme, você acaba se afeiçoando e se importando mais com o destino de Julio do que com o de suas vítimas e isso torna O Nome da Morte um projeto, no mínimo, esquisito. Ter um assassino de aluguel como protagonista da história não é um problema, a grande questão desse filme é que seu realizador não deixa muito claro o que quer ao narrar aquela trama e com isso o longa acaba caindo na vala comum e ingenua de que o sistema da "selva de pedra" é capaz de corromper a ingenuidade inerente a um rapaz do interior do país. As coisas são um pouco mais complexas que isso.
Ao longo do filme, você acaba se afeiçoando e se importando mais com o destino de Julio do que com o de suas vítimas e isso torna O Nome da Morte um projeto, no mínimo, esquisito. Ter um assassino de aluguel como protagonista da história não é um problema, a grande questão desse filme é que seu realizador não deixa muito claro o que quer ao narrar aquela trama e com isso o longa acaba caindo na vala comum e ingenua de que o sistema da "selva de pedra" é capaz de corromper a ingenuidade inerente a um rapaz do interior do país. As coisas são um pouco mais complexas que isso.
O Nome da Morte, 2018. Dir.: Henrique Goldman. Roteiro: Henrique Goldman e George Moura. Elenco: Marco Pigossi, Fabíula Nascimento, André Mattos, Matheus Nachtergaele, Tony Tornado, Jessica Alencar, Breno, Demy Britto, Gillray Coutinho, Hygor Diniz, Jota Ferreira, André Luiz, Augusto Madeira. Imagem Filmes, 98 min.
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