Quem estava habituado com toda a pompa de lorde inglês do ator Dan Stevens desde os tempos da série Downton Abbey como o galante Matthew Crawley se deparará com uma outra faceta do ator em O Hóspede. Desde que saiu da série inglesa, Stevens já fez alguns trabalhos, entre os mais notáveis estão a série Legion, produto derivado do universo X-Men, e a versão live action de A Bela e a Fera, mas esse filme de 2014 é provavelmente seu trabalho mais relevante desde então.
O longa finalmente chega para o público brasileiro por ação do serviço de streaming da Netflix. Nele, Stevens interpreta um ex-combatente de guerra que visita a família de um colega morto durante o serviço militar. Instantaneamente, toda a família do rapaz fica encantada com o hóspede, contudo, a jovem Anna começa a desconfiar que ele pode estar escondendo informações sobre sua verdadeira identidade.
Em O Hóspede, Dan Stevens tem um destaque considerável num desempenho arrasador na pele de um homem frio, mas que, por sua simpatia e magnetismo é capaz de captar a atenção de todos, seduzindo a maioria dos personagens do longa e também o público. O filme é um feito de destaque na carreira do diretor Adam Wingard, cujo currículo é formado pelo Bruxa de Blair de 2016 e Você é o Próximo, também um filme de terror. Além do ator e do diretor, integra a equipe do longa a atriz Maika Monroe, conhecida por seu trabalho em Corrente do Mal e que aqui entrega mais um desempenho interessante como a jovem irmã do militar morto.
Localizado no gênero horror, o filme de Wingard mistura elementos diversos que o transformam num exemplar, no mínimo, curioso. O longa tem claras influências oitentistas, seja na composição de personagens, o protagonista sobretudo, seja em escolhas mínimas como a trilha sonora e cenários que convocam o colegial e o Halloween. Há também ecos de ficção científica com uma trama fundamental sobre experimentos militares que, inevitavelmente, respinga numa leve contextualização da cultura da militarização americana e suas consequências na população afetada direta ou indiretamente pela guerra.
O Hóspede tem lá a atmosfera de uma safra recente que mira demais nos anos 80, mas diferente de alguns exemplares pretensiosos da sua geração, as referências ao passado que formam o filme não fazem com que ele esqueça de costurar sua própria narrativa e se engajar na construção dos seus personagens e suas relações, a mais forte delas entre o personagem de Stevens e o garoto interpretado por Brendan Meyer. A trama leva um certo tempo para dar uma guinada e até lá soa como um amontoado de lugares comuns do gênero, mas quando decola oferece momentos de muita tensão, humor e ironia.
The Guest, 2014. Dir.: Adam Wingard. Roteiro: Simon Barrett. Elenco: Dan Stevens, Maika Monroe, Sheila Kelley, Brendan Meyer, Leland Orser, Lance Reddick, Tabatha Shaun, Chase Williamson, Joel David Moore, Steven John Brown. Netflix, 100 min.
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