Em novembro de 1981, o mundo inteiro ficou paralisado com a notícia da morte da atriz Natalie Wood, aos 43 anos, vítima de um afogamento durante uma viagem que fizera com o marido Robert Wagner e o amigo e também ator Christopher Walken. Tudo aconteceu na semana de Ação de Graças e as causas da morte da estrela até hoje são nebulosas numa investigação que se estendeu até 2013 sem conclusão alguma e com pontos que o próprio Departamento de Polícia de Los Angeles se recusa comentar. Muito se fala sobre uma discussão entre Wagner e Walker, há também relatos de que o capitão do iate teria sedado Wood, o marido e seu convidado, além disso, alguns relatórios indicam sinais de hematomas no corpo da atriz.
É uma pena que, por vezes, uma tragédia como esta torne coadjuvante o legado artístico de Wood, que hoje (20) estaria completando 80 anos caso estivesse viva. Filha de pais russos, o nome verdadeiro da atriz é Natasha Nikolaevna Zakharenko, mas para ajudá-la em sua trajetória em Hollywood, agentes e a própria atriz acharam por bem escolher o nome artístico Natalie Wood. A atriz começou a carreira como estrela mirim, protagonizando o clássico natalino Milagre na Rua 34, na sua primeira versão batizada no Brasil de De Ilusão também se Vive (foto abaixo). Dirigida por George Seaton, a estrela mirim atuava com Edmund Gwen e Maureen O'Hara. Em 1948, o filme venceu os Oscars de melhor ator coadjuvante para Gwen e melhor roteiro, escrito por Seaton.
Aos 17, Wood faria um dos longas mais marcantes da sua carreira, Juventude Transviada (foto abaixo). O filme de Nicholas Ray teve um impacto cultural na década de 1950 que se estende até os dias atuais, lançando ao estrelato não só Natalie, mas seu protagonista James Dean. O longa narrava a história de um jovem problemático que criava uma rivalidade com uma gangue do colégio após se apaixonar por Judy, personagem de Wood. O filme ficou conhecido pelos seus diálogos, pelo guarda-roupa e por uma ideia de juventude e rebeldia que representou sua época. Juventude Transviada rendeu a Natalie Wood sua primeira indicação ao Oscar, a única como melhor atriz coadjuvante. Depois dele, a atriz ainda seria lembrada pela Academia de Hollywood em outras duas ocasiões.
![](https://2.bp.blogspot.com/-i-rmHPC9SpQ/W0pv0nV41pI/AAAAAAAAaHs/5_WZD6q1lLMBOjRzE-ya94sYhTfGO9sQwCLcBGAs/s640/wood-dean-rebel_600.jpg)
Em 1961, Natalie viveria dois grandes momentos na sua carreira. Ao ser dirigida por um grande nome do seu tempo, o cineasta Elia Kazan, a atriz recebeu sua primeira menção ao Oscar como melhor atriz, segunda lembrança na sua carreira. O filme em questão era Clamor do Sexo (foto abaixo). Ao lado de Warren Beatty, a atriz protagonizava a história de um casal apaixonado no Kansas de 1920 cujo conflito central era a repressão sexual da comunidade local. Foi a estreia de Warren Beatty no cinema.
No mesmo ano de Clamor do Sexo, Natalie vinha com um hit que se tornou clássico, o musical West Side Story chamado aqui de Amor Sublime Amor (foto abaixo). O filme era uma versão de Romeu e Julieta de Shakespeare ambientada no bairro americano que dá título ao filme, marcado pela forte presença de latinos e pela classe trabalhadora dos EUA em meados dos anos 1950. A química de Wood com o ator Richard Beymer segue um dos pontos altos do filme, além dos números musicais muito bem executados. O longa venceu 10 Oscars na edição de 1962 do prêmio e pode ganhar uma versão dirigida por Steven Spielberg em breve.
Wood protagoniza em 1963 O Preço de um Prazer (foto abaixo) ao lado de outro ícone do cinema, o ator Steve McQueen. O longa era um drama sobre um músico de jazz que descobre que uma garota com quem saiu uma única vez está grávida e lhe pede ajuda para fazer o aborto. O longa recebeu 5 menções ao Oscar, incluindo a indicação para o desempenho de Wood na categoria melhor atriz.
Até sua morte em 1981, a atriz esteve em outras produções marcantes como Em Busca de um Sonho (1962), A Corrida do Século (1965) e Esta Mulher é Proibida (1966). O auge da carreira de Wood, no entanto, foi mesmo os anos de 1950 e 1960, indicando uma trajetória profissional meteórica e que poderia ter rendido muitas surpresas para as plateias quando a atriz atingisse a maturidade. Fica a lembrança e os bons filmes.
COMENTÁRIOS