Máquina de fazer dinheiro em Hollywood, Dwayne 'The Rock' Johnson é um dos poucos atores que mantém o star system ainda em atividade na indústria. Praticamente qualquer coisa que estampe seu nome nos pôsteres é sinônimo de alta bilheteria. Impressionante também é a produtividade do astro de ação que, diante desse cenário, tem fôlego para lançar mais de dois projetos por ano. Nada mais do que o esperado, né? O que poderíamos esperar de um cara conhecido na indústria como 'The Rock'?
Arranha-Céu: Coragem sem Limite é o terceiro longa do ator em 2018, os anteriores foram Jumanji e Rampage. Aqui, o ator encabeça o elenco de um filme de ação protocolar com ares de Duro de Matar e Inferno na Torre que acompanha a vida de um ex-policial atuando como analista do sistema de segurança de um prédio monumental e tecnologicamente moderno no centro de Hong Kong depois que sai seriamente ferido numa ação que não deu certo. Quando um grupo de criminosos consegue burlar o sistema e provocar um incêndio de grandes proporções na construção, o personagem de 'The Rock' tem que resgatar a esposa e seus dois filhos presos num de seus andares.
Acompanhado de uma direção que não anseia invencionices, o roteiro de Arranha-Céu faz o longa ser tudo aquilo que já foi visto numa série de similares. Aqui, 'The Rock' vive uma figura heroica obstinado a salvar sua família, os vilões do longa têm propósitos extremamente rasos e ficam na estereotipia da vilania e tudo tem como clímax um terceiro ato que oferece ao espectador a garantia de que tudo dá certo para todos.
Arranha-Céu não é o tipo de exemplar que explora com humor a presença física de 'The Rock', algo que sempre rende seus melhores desempenhos (como na franquia Velozes e Furiosos). O filme oferece ao público o herói de ação na tradição oitentista, mas também não é muito sisudo, apesar do drama de um protagonista que convive com o trauma e as cicatrizes de eventos passados. Arranha-Céu não é um filme experimental de Ingmar Bergman, então tudo é abordado com a superficialidade inerente do material, que deseja ofertar nada mais nada menos do que um número sem fim de sequências de tirar o fôlego do seu astro - e consegue relativamente.
O filme ainda conta com a atriz Neve Campbell da franquia de terror slash Pânico , interpretando a esposa de 'The Rock'. A atriz acrescenta muito pouco ao filme já que sua personagem não foge daquele papel que sempre foi reservado às coadjuvantes femininas desse cinema de ação americano, ainda que o longa tente construí-la como uma médica que por ter atuado no Afeganistão sabe muito bem se defender e se desvencilhar de alguns vilões.
Tecnicamente, o filme não é um primor. O prédio feito praticamente com computação gráfica não impressiona, tamanho o seu artificialismo, e o 3D sequer consegue causar uma certa vertigem no espectador como A Travessia de Robert Zemeckis fez tão brilhantemente na reconstituição das Torres Gêmeas de Nova York, por exemplo. O filme é bem executado nas suas cenas de ação e certamente pode fazer a cabeça de um público que não se incomodará ao reconhecer nele estratégias e artifícios semelhantes a tantos outros títulos, mas pode ser um pouco maçante para uma parcela que eventualmente deseja ver 'The Rock' e esse gênero fora da sua zona de conforto.
Skyscraper, 2018. Dir.: Rawson Marshall Thurber. Roteiro: Rawson Marshall Thurber. Elenco: Dwayne Johnson, Neve Campbell, Pablo Schreiber, Noah Taylor, McKenna Roberts, Noah Cottrell, Kevin Rankin, Byron Mann, Hannah Quinlivan, Rolland Moller. Universal, 102 min.
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