Do Jeito que Elas Querem tem toda a estampa de filme B. O tratamento da imagem não é dos melhores, as piadas por vezes são de gosto duvidoso e o roteiro não é lá muito inspirado. No entanto, existe tanto carisma nessa comédia protagonizada por Diane Keaton, Jane Fonda, Candice Bergen e Mary Steenburgen, um elenco acima de qualquer suspeita, que o projeto em si acaba sendo um instantâneo guilty pleasure, aquele produto que a gente olha, reconhece a sua natureza duvidosa, mas que ainda assim rende momentos incontestáveis de diversão.
No longa, o quarteto de protagonistas se conhece há anos e se reúne esporadicamente para discutir alguma obra literária num clube de leitura. Quando Vivian, personagem de Jane Fonda, propõe para as amigas que o best-seller Cinquenta Tons de Cinza de E. L. James seja o próximo livro na lista de discussão a rotina do grupo vira de ponta a cabeça. Elas passam a refletir sobre os rumos das suas vidas amorosas e começam a cogitar algumas transformações drásticas nesse departamento.
Do Jeito que Elas Querem soa como um grande anúncio publicitário da trilogia de E.L. James. Por vezes, o filme parece aderir demais à ideia de que um dos legados da obra da autora foi melhorar o relacionamento de metade da população feminina com a sua sexualidade. Há momentos pontuais nos quais suas personagens ironizam aquele universo e seus personagens, mas eles são pontuais e pálidos diante da constatação de que, para Bill Holderman e seu filme, aquele livro de fato é responsável por transformações positivas na vida daquelas mulheres. Esse é o ponto de vista do longa.
A comédia possui momentos que a transformam numa oportunidade para que seu elenco de estrelas exiba seu talento nato para a comédia em situações triviais e aqui o filme faz valer uma ida ao cinema, por exemplo. Obviamente, as melhores cenas são aquelas nas quais o quarteto principal compartilha qualquer ambiente, mas há um deleite pontual, por exemplo, em momentos como aquele em que a personagem de Diane Keaton é flagrada por suas filhas com o piloto interpretado por Andy Garcia ou nas aventuras online da juíza de Candice Bergen numa rede social de relacionamentos.
Todas as atrizes parecem se divertir em cena num projeto não muito sofisticado em termos criativos, mas que coloca em evidência personagens maduras às voltas com relacionamentos amorosos e com sua própria sexualidade, um cenário que não é rotina numa cinematografia como a americana que descarta com muita facilidade suas estrelas depois de um tempo, mesmo que os nomes em questão tenham bastante peso. O filme perde um pouco quando descarta o humor e começa a investir numa série de DR's de tom mais sério, mas nada que desmereça a diversão que é passar algumas horas na sala de cinema com as quatro damas esta comédia.
Book Club, 2018. Dir.: Bill Holderman. Roteiro: Bill Holderman e Erin Simms. Elenco: Diane Keaton, Jane Fonda, Candice Bergen, Mary Steenburgen, Andy Garcia, Craig T. Nelson, Don Johnson, Richard Dreyfuss, Ed Begley Jr., Alicia Silverstone, Wallace Shawn, Katie Aselton, Tommy Dewey. Paris Filmes, 104 min.
Assista ao trailer:
COMENTÁRIOS