Como todo fenômeno da cultura pop que se preze, A Escolha Perfeita de 2012 inevitavelmente ganhou sequências com o sucesso da repercussão do primeiro filme, mas nenhuma delas fez jus ao longa original sobre o grupo de cantoras universitárias de capela, as Barden Bellas, lideradas por Anna Kendrick e pela australiana Rebel Wilson. Esperando que o terceiro filme seja de fato o último título da franquia, que, francamente, já não tem mais para onde ir, A Escolha Perfeita 3 sequer foi lançado nos cinemas brasileiros, chegou direto para as lojas em DVD e serviços de streaming, só para dimensionar a constatação da própria distribuidora de que com a fraca repercussão do longa anterior esse obviamente não teria fôlego no circuito.
No terceiro longa, o grupo de amigas segue com suas vidas após a Universidade, cada uma delas enfrentando algum obstáculo em seus respectivos trabalhos. A chance de retomar a parceria na música com as Barden Bellas surge quando todas são convidadas para uma turnê de shows pela Europa com algumas bandas. Como já é tradição na carreira das Bellas, o grupo descobre que se trata de mais uma competição. A turnê é um teste para que o famoso dj Khaled escolha quem abrirá um de seus shows. A responsabilidade é grande já que as Bellas são o único grupo de capela na disputa.
Diferente do longa inaugural, A Escolha Perfeita 3 abre mão da competição entre grupos de capela, que rendia ótimos números musicais e uma dinâmica entre suas protagonistas. No lugar disso, o terceiro capítulo da franquia perde horas preciosas com um número sem fim de tramas desinteressantes e deslocadas na história central. Da reunião de Fat Amy (Rebel Wilson, sempre um show particular) com o seu pai desaparecido interpretado por John Lithgow ao novo interesse amoroso de Beca (Anna Kendrick), nada é orgânico. Para completar, no terceiro ato o filme ainda resolve envolver seu grupo de cantoras em uma bizarra trama policial que destoa por completo do espírito e da proposta dos filmes da série. Nesse meio tempo, a competição entre os grupos musicais é esquecida e até mesmo a rivalidade com uma girl band encontra exasperadamente seu desfecho pacífico.
Para A Escolha Perfeita, a franquia, teria sido melhor ter finalizado no auge com o primeiro longa - aliás, altamente recomendável para quem ainda não assistiu. O resultado esquisito de A Escolha Perfeita 3 é consequência de fãs e produtores que parecem não compreender que muitas vezes é melhor terminar as coisas com uma sensação de saudade do que desgastar personagens que caíram nas graças do público em um filme de surpreendente sucesso como foi A Escolha Perfeita lá em 2012.
Obs.: As interferências dos locutores John e Gail de John Michael Higgins e Elizabeth Banks seguem geniais pela ironia e acidez dos comentários.
Pitch Perfect 3, 2017. Dir.: Trish Sie. Roteiro: Kay Cannon e Mike White. Elenco: Anna Kendrick, Rebel Wilson, Elizabeth Banks, John Michael Higgins, John Lithgow, Brittany Snow, Anna Camp, Hailee Steinfeld, Ester Dean, Hana Mae Lee, Kelley Jakle, Guy Burnet, Matt Lanter, Ruby Rose. Universal, 93 min.
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