Estrela de cinema dos anos de 1940 e 1950, Gloria Grahame viveu na maturidade um romance com um jovem ator inglês chamado Peter Turner. A atriz vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante por Assim Estava Escrito, filme de Vincente Minnelli protagonizado por Lana Turner e Kirk Douglas, tem sua história de amor dramatizada em Estrelas de Cinema Nunca Morrem. No longa dirigido por Paul McGuigan (de Xeque-Mate) e baseado nas memórias do próprio Peter Turner, Grahame ganha vida com a composição veterana Annette Bening (Minhas Mães e Meu Pai), enquanto que o namorado da atriz é interpretado por Jamie Bell (de Ninfomaníaca: Volume 2).
O longa que circulou em alguns festivais badalados pela temporada de premiações nos EUA no final do ano passado acabou tendo uma carreira mais tímida que o esperado quando finalmente estreou por lá. Especulou-se mais uma indicação ao Oscar para Bening, que até hoje não tem a sua estatueta, mas nem mesmo o Globo de Ouro lembrou da interpretação da atriz. Estrelas de Cinema Nunca Morrem parecia formatado para os prêmios pelos temas que convocava. O longa basicamente explora a carreira de uma figura pública como Grahame na maturidade, onde os papéis para a atriz nas telonas minguaram, além do câncer que a levou a óbito em 1981. Contudo, o tema central do drama é mesmo sua história de amor com Peter Turner, sobretudo o entrave social que a diferença de idade representou para os dois.
É interessante que apesar de todos esses tópicos serem sugeridos em Estrelas de Cinema Nunca Morrem e estarem de fato na trama, o espectador não consegue dimensionar o peso de todas estas questões na história de amor dos seus protagonistas. Da maneira como são tratados - e por já serem explorados em demasia em outros títulos - a história de Gloria e Peter acaba caindo numa relativa banalidade. O público já viu tudo aquilo ali ser pincelado de maneira mais vibrante em outras histórias e o longa não consegue fazer jus e trazer brilho para a biografia da sua grande protagonista. A montagem do longa até tenta fazer algumas intervenções na história de modo a oferecer para o espectador as perspectivas de Gloria e Peter para os eventos ou mesmo embaralhar a ordem cronológica dos mesmos, mas nada que faça o filme saltar aos olhos do espectador.
Na verdade, o que mantém o público interessado nessa história são seus atores. Annette Bening está estupenda como de costume, oferecendo uma composição que passa pelo estudo meticuloso do gestual e da voz de Gloria Grahame. Jamie Bell, por sua vez, investe cada miligrama de sentimento no afeto que Peter Turner depositava em sua relação com a estrela de cinema. No final das contas é o talento e profissionalismo dessa dupla de atores que garante algum brilho a Estrelas de Cinema Nunca Morrem.
Film Stars don't die in Liverpool, 2017. Dir.: Paul McGuigan. Roteiro: Matt Greenhalgh. Elenco: Annette Bening, Jamie Bell, Julie Walters, Vanessa Redgrave, Frances Barber, Kenneth Graham, Jodie McNee, Stephen Graham, Joanna Brookes, Pete Lee Wilson. Diamond Films, 105 min.
Assista ao trailer do filme:
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