Depois de dez anos de trajetória, a Marvel Studios entrega enfim aquela que parece ser uma de suas produções mais ambiciosas, reunindo praticamente todo o elenco dos filmes do seu catálogo desde o seu debut oficial com Homem de Ferro em 2008. Vingadores: Guerra Infinita chega aos cinemas com a promessa de ser o maior título da sua já bem-sucedida filmografia e consegue, oferecendo uma ação de proporções épicas e com decisões drásticas (assim esperamos) que anunciam a nova era da empresa, uma das gigantes da Hollywood do nosso tempo. Assim, Guerra Infinita não tem esse escopo apenas pelo seu enorme orçamento, sua possivelmente gigante bilheteria e pelo seu elenco de estrelas da casa, mas também porque criativamente encontra sustentação para suas ambições grandiloquentes, com um roteiro bem escrito e uma ação dirigida com profissionalismo pela sua dupla de diretores.
Conduzido pelos mesmos irmãos Anthony e Joe Russo, de Capitão América: O Soldado Invernal e Capitão América: Guerra Civil, o filme traz como ameaça o vilão alienígena Thanos, que por anos rondou alguns filmes da Marvel, como Guardiões da Galáxia. Em Guerra Infinita, acompanhamos Thanos colecionando as joias do infinito, elementos que lhes dá poderes incalculáveis para pôr em prática um plano perverso de dominação do universo e destruição de vidas em massa.
Ainda que seja refém de uma fórmula quase que adolescente de construção dos seus roteiros (entupindo o tempo das suas produções com piadas que por vezes amortecem o impacto dramático das suas ações), Vingadores: Guerra Infinita tem uma urgência e uma harmonia na dinâmica dos seus personagens que até nos faz esquecer quão inconvenientes podem ser as interferências de humor típicas do estúdio. Nem mesmo o exageradamente badalado Capitão América: Guerra Civil foi tão corajoso e fora da curva nesse sentido.
Os acontecimentos de Guerra Infinita têm impactos severos no universo Marvel construído ao longo de dez anos, fazendo com que as ações de um vilão finalmente ameace a vida e interfira severamente no destino de personagens que, pelo carisma, conquistaram o afeto do espectador. Ao mesmo tempo, o elenco inflado não faz com que Guerra Infinita desperdice boa parte dos seus atores, cada um tem sua importância e funciona como peça fundamental da engrenagem da trama. Ainda que uns tenham mais importância do que outros, cada herói ou vilão tem a sua função na história, surgindo e desaparecendo de cena em momentos oportunos.
É certo que ainda que mostre urgência dramática, os momentos de maior impacto emocional do filme acabam não tendo tanta força assim pois em algumas situações o espectador de antemão já sabe que muitas mortes, por exemplo, não serão em definitivo, fazendo o cinema cair numa armadilha já conhecida da indústria dos quadrinhos. No entanto, Guerra Infinita ganha pelo espetáculo proporcionado e por celebrar em grande estilo o resultado de anos de trabalho bem feito, adaptando personagens que nem eram tão populares assim no selo antes desses filmes, como Thor ou Homem de Ferro. Mais do que um filme, Guerra Infinita acaba sendo uma celebração.
Avengers: Infinity War, 2018. Dir.: Anthony e Joe Russo. Roteiro: Christopher Markus e Stephen McFeely. Elenco: Robert Downey Jr., Josh Brolin, Chris Hemsworth, Mark Ruffalo, Chris Evans, Scarlett Johansson, Don Cheadle, Benedict Cumberbatch, Chris Pratt, Zoe Saldana, Tom Holland, Chadwick Boseman, Karen Gillan, Tom Hiddleston, Danai Gurira, Paul Bettany, Elizabeth Olsen, Anthony Mackie, Sebastian Stan, Idris Elba, Peter Dinklage, Benedict Wong, Dave Bautista, Pom Klementieff. Disney, 149 min.
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