Conhecido por interpretar Jim Halpert na série The Office, John Krasinski tem enveredado para a direção no cinema, já tendo no currículo Brief Interviews with Hideous Men e Família Hollar, ambos indies que flertavam com a comédia em determinada instância das suas tramas. Curiosamente, seu projeto mais bem-sucedido na função, tendo sido aclamado por críticos americanos nas suas primeiras sessões, é um longa de terror chamado Um Lugar Silencioso, que, por sinal, guarda semelhanças com um dos maiores clássicos do gênero no cinema, Alien: O 8º Passageiro de Ridley Scott, ao trazer um grupo de personagens assustadoramente encurralados por criaturas alienígenas.
O filme de Krasinski é protagonizado por uma família sobrevivente de uma Terra pós-apocalíptica invadida por criaturas que caçam suas presas a partir de uma alta sensibilidade auditiva. Encabeçada pelos personagens do próprio Krasinski e de Emily Blunt, a família Abbot tem que sobreviver nessas circunstâncias após passar por uma experiência traumática que fragiliza alguns laços de confiança entre eles.
Com econômicas uma hora e meia de duração, o longa de terror é um interessante exercício de direção para Krasinski. O diretor conta com pouquíssimos diálogos no seu roteiro, já que seus atores devem se comunicar basicamente com gestos. Ao ter o som como um dos elementos centrais da sua trama, Um Lugar Silencioso explora de maneira inteligente o próprio (muito mais do que as imagens ou até mesmo a montagem), construindo uma atmosfera de crescente tensão que não deixa o espectador sossegado durante praticamente toda a projeção.
Há na costura do roteiro informações que propiciam o cenário apavorante sugerido em Um Lugar Silencioso como a chegada de um bebê (obviamente, o personagem que terá a emissão de ruídos dificilmente controlada pelos demais), a filha mais velha com deficiência auditiva, além da personagem de Blunt que está prestes a dar a luz. Tudo isso evidencia escolhas bem inteligentes de um roteiro, elementos da história que contribuem ainda mais para a cartela de efeitos intencionadas pelo longa.
Há na costura do roteiro informações que propiciam o cenário apavorante sugerido em Um Lugar Silencioso como a chegada de um bebê (obviamente, o personagem que terá a emissão de ruídos dificilmente controlada pelos demais), a filha mais velha com deficiência auditiva, além da personagem de Blunt que está prestes a dar a luz. Tudo isso evidencia escolhas bem inteligentes de um roteiro, elementos da história que contribuem ainda mais para a cartela de efeitos intencionadas pelo longa.
Além de orquestrar de maneira inteligente todos esses elementos, o filme é ótimo na maneira como explora as relações de afeto entre seus personagens, tendo no centro do seu drama uma família com mágoas e assuntos mal resolvidos, mas também relações de afeto latentes, algo que contribui para deixar a voltagem de toda a ação ainda mais alta. As dinâmicas familiares são costuradas com complexidade, norteadas por uma culpa que cria fobias no garoto Marcus ou que estremece a relação de confiança entre Lee (Krasinski) e a filha Regan, por exemplo. Com acertos em tantas frentes, resta torcer para que o John Krasinski realizador escolha projetos mais ambiciosos que o permitam exercitar e explorar ainda mais tudo aquilo que deu muito certo nesse simples e bem executado terror.
A Quiet Place, 2018. Dir.: John Krasinski. Roteiro: John Krasinski, Bryan Woods e Scott Beck. Elenco: John Krasinski, Emily Blunt, Millicent Simmonds, Noah Jupe, Cade Woodward, Leon Russom. Paramount, 90 min.
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