Com o alvoroço que Me Chame pelo seu Nome está causando, pela primeira vez desde que fora revelado em A Rede Social, de David Fincher, interpretando os gêmeos Winklevoss, Armie Hammer desfruta um momento de paz e sucesso na sua carreira. No filme de Luca Guadagnino, o ator interpreta um estudante americano que passa uma temporada na casa do seu professor no norte da Itália e acaba vivendo um romance com o filho do seu mentor.
Dando vazão à persona de galã típico da era de ouro de Hollywood, Armie Hammer conseguiu com Me Chame pelo seu Nome algo que estava tentando há anos em projetos que, por alguma razão, não davam certo: ter o reconhecimento da crítica, dos prêmios e ganhar popularidade com o público. Pelo filme, o ator já foi indicado a prêmios como o Globo de Ouro e o Critic's Choice Awards e pode muito bem surgir na lista de indicados ao Oscar que será divulgada no dia 23 de janeiro.
No entanto, o caminho não foi nada fácil para Armie de A Rede Social até Me Chame pelo seu Nome...
O ator tentou repetir o sucesso com os prêmios ao interpretar o namorado de J. Edgar, vivido por Leonardo DiCaprio em J. Edgar (foto acima), drama de Clint Eastwood, em 2011. Armie até foi indicado ao SAG Awards de melhor ator coadjuvante na ocasião, mas nem DiCaprio conseguiu uma menção ao Oscar, quanto mais ele. O filme teve uma carreira "sabotada" pela repercussão divisiva que teve.
Depois, em 2012, Armie tentou ser um príncipe de contos de fadas na versão de Branca de Neve e os Sete Anões reimaginada pelo indiano Tarsem Singh com inspirações nos musicais de Bollywood, Espelho, Espelho Meu (foto acima). Hammer atuava ao lado de Julia Roberts e Lilly Colins. O resultado não foi muito positivo financeira e artisticamente.
Em 2013, Hammer apostou no blockbuster assumindo o manto do icônico John Reid na versão cinematográfica do seriado O Cavaleiro Solitário (foto acima), fazendo dupla na tela com Johnny Depp, um chamariz de bilheterias. O projeto tinha tudo para dar certo. Era o retorno da parceria de ouro de Piratas do Caribe, o diretor Gore Verbinski e o ator Johnny Depp, fazendo Tonto, um sidekick tão promissor quanto o pirata Jack Sparrow. Hammer seria o herói da aventura e, portanto, se esperava que O Cavaleiro Solitário fosse "o" projeto que popularizaria seu nome. Com o orçamento de US$ 215 milhões, o filme não conseguiu se pagar nas bilheterias e foi um dos maiores fracassos financeiros na história da Disney.
O menino Hammer não desiste fácil (ou Hollywood não desistiu fácil dele). Em 2015, após nomes como George Clooney, Channing Tatum e Steven Soderbergh desistirem de Os Agentes da U.N.C.L.E. (foto acima), outra versão cinematográfica de um clássico da televisão, o diretor Guy Ritchie assume o projeto e chama Hammer e Henry Cavill, o novo Superman, para protagonizar o charmoso filme de espionagem. O resultado não é catastrófico, o filme tem lá os seus encantos, no entanto, parecido com o caso O Cavaleiro Solitário (menos ruidoso que ele, é verdade), Os Agentes da U.N.C.L.E. não fez muito a cabeça do público e estreou em terceiro lugar nas bilheterias americanas na ocasião em que fora lançado.
Depois de Os Agentes da U.N.C.L.E., os ventos poderiam começara a soprar a favor de Hammer com projetos menos barulhentos que o filme de Guy Ritchie e O Cavaleiro Solitário. O ator esteve no drama O Nascimento de uma Nação (foto acima), que teve uma excelente repercussão no Festival de Sundance e saiu de lá como uma das grandes apostas para o Oscar de 2017. Acontece que o drama de Nate Parker enfrentou em sua trajetória os fantasmas do armário do seu diretor. Um antigo caso de estupro envolvendo o nome do realizador veio à tona e a recepção de O Nascimento de uma Nação foi afetada pelo seu histórico com a justiça. Ninguém queria endossar o filme de alguém envolvido num caso tão indigesto.
Os ventos começaram a soprar a favor de Armie Hammer somente no ano passado. Após uma breve passagem por Animais Noturnos e no cool Free Fire, Hammer tem sido um dos nomes mais celebrados da atual temporada de premiações com o romance Me Chame pelo seu Nome (foto acima), que pode virar uma trilogia como os filmes que seguiram Antes do Amanhecer de Richard Linklater (Leia a nossa crítica ao filme aqui). Mesmo com toda a trajetória de sucesso, algumas sombras seguem atormentando a trajetória do ator. Sua não indicação ao SAG Awards, por exemplo, ameaça sua entrada na lista de indicados ao próximo Oscar já que o prêmio do sindicato dos atores costuma ser o melhor previsor nas categorias de atuação da premiação da Academia de Hollywood.
De confirmado no futuro de Hammer, temos os seguintes filmes (todos para 2018):
Sorry to Bother You, com Tessa Thompson (a Valquíria de Thor: Ragnarok), uma comédia sci-fi que conta a história de um homem que descobre uma chave mágica para o sucesso profissional. A direção é de Boots Riley, que estreia como diretor após trabalhar no departamento de trilhas sonoras em filmes como Os Perdedores e Superbad: É hoje.
Hotel Mumbai, estrelado também por Dev Patel e dirigido por Anthony Maras. O longa contará a história dos sobreviventes de um ataque terrorista a um hotel de Mumbai em 2008.
On the Basis of Sex, biografia de Ruth Bader Ginsburg, uma juíza que lutou pelo direito das mulheres nos EUA. A protagonista será vivida por Felicity Jones e Hammer será seu marido. Completam o elenco Justin Theroux e Kathy Bates. A direção é de Mimi Leder (The Leftovers).
É esperar para ver.
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