Um dos maiores sucessos de bilheteria de 2017 nos EUA não chegará aos cinemas brasileiros. A comédia Viagem das Garotas será lançada comercialmente no Brasil através de serviços de streaming (Net Now) e em sua versão em DVD, mas vale a pena o público investir nesta comédia de Malcolm D. Lee não apenas porque é um dos títulos mais divertidos do ano, mas também porque ela anda conquistando menções na temporada de prêmios do cinema. O filme surpreendeu nas bilheterias em sua estreia, faturando em agosto, alta temporada de blockbusters norte-americanos, cerca de US$ 30 milhões de dólares, passando dos US$ 100 milhões em sua bilheteria total quando custou menos de US$ 20 milhões para ser feito.
Viagem das Garotas pertence a um segmento popular de produções norte-americanas realizadas por diretores e atores negros, investindo, sobretudo, na forma dos seus personagens se comunicarem com o espectador que dialoga com aspectos da comunidade negra estadunidense. Na essência, esse filme parece desejar ser uma espécie de Sex and the City ou Missão Madrinha de Casamento. Os paralelos com esses consagrados produtos da TV e do cinema, respectivamente, são válidos e de forma alguma tiram os méritos desse divertido filme sobre um grupo de amigas que não se encontra há anos e organiza uma viagem para restabelecer os laços de amizade.
O grupo de mulheres do filme é formado por Regina Hall, a eterna Brenda da franquia Todo Mundo em Pânico, que surge como a protagonista da comédia, uma celebridade que ganha notoriedade com a fama do seu casamento modelo; Queen Latifah, vivendo uma jornalista em crise financeira sustentando aos "trancos e barrancos" a produção de conteúdos para um blog de fofocas; Jada Pinkett Smith, que interpreta uma enfermeira divorciada que se fechou para a vida após se tornar mãe de duas crianças; e Tiffany Haddish, dando vida à Dina, a mais despachada do grupo e a que vem despontando indicações e vitórias em premiações como atriz coadjuvante da comédia. De todos os elementos de Viagem das Garotas o que mais vale a pena ser destacado é de fato o entrosamento das suas atrizes, uma dinâmica que garante momentos bem divertidos, incluindo uma inusitada cena numa tirolesa e outra que envolve uma briga entre o quarteto no final do longa. No mais, o filme segue o fluxo do seu divertido elenco rendendo uma sessão bem descontraída.
O roteiro da produção é levemente esquemático, com movimentos e reviravoltas que todos já vimos em boa parte das comédias ou comédias românticas já feitas, mas também isso não é demérito algum pois todo gênero possui suas marcas e aqui elas são satisfatoriamente executadas. O humor de Viagem das Garotas oscila entre o corrosivo e o chulo, passando longe de um tom mais ingênuo e isso pode desagradar quem desaprova esse tipo de comédia. O mérito de Viagem das Garotas, contudo, é trabalhar de maneira orgânica esses elementos e preencher sua história com o carisma radiante do seu impetuoso e harmônico elenco feminino.
Girls Trip, 2017. Dir.: Malcolm D. Lee. Roteiro: Kenya Barris e Tracy Oliver. Elenco: Regina Hall, Queen Latifah, Jada Pinkett Smith, Tiffany Haddish, Kate Walsh, Larenz Tate, Mike Colter, Kofi Siriboe, Lara Grice, Deborah Ayorinde. Universal, 122 min.
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