A fórmula é simples. Um assassino serial disfarçado por uma máscara atrás de um grupo de jovens que oscilam entre a ingenuidade e a completa falta de caráter, destacando entre eles a mocinha virgem que acaba se safando das garras do maníaco e desvendando a sua verdadeira identidade ao final do filme. Através dessas marcas, o slasher filme se consagrou como subgênero do terror nos EUA se popularizando na década de 1980 com clássicos como Halloween, Sexta-Feira 13 e A Hora do Pesadelo, retornando nos anos de 1990 com o metaslasher Pânico.
A Morte te dá Parabéns "conversa" com esse tipo de produção e suas convenções, se aproximando sobretudo da franquia Pânico com seu caráter autoreferencial e se apropriando um pouco da premissa de Feitiço do Tempo, que não se enquadra no subgênero, mas que é literalmente reverenciado no longa. Até certo ponto, o filme de Christopher Landon, de Como sobreviver a um ataque zumbi, até consegue esse objetivo, mas acaba inexplicavelmente tratando com timidez a ironia da sua proposta nos momentos finais da sua história, abandonando a metalinguagem e abraçando por vezes uma seriedade que não condiz com a proposta seminal do filme.
No longa, Jessica Rothe (que fez um pequeno papel em La La Land) interpreta Tree, uma popular estudante universitária que vive todo o dia o mesmo dia, acordando com ressaca na cama de Carter, interpretado por Israel Broussard (de Bling Ring). Conforme a história avança, descobrimos que o fenômeno tem relação com a data do seu aniversário e com o êxito das investidas de um assassino que a persegue usando uma máscara que impossibilita sua identificação. A fim de interromper o fenômeno, Tree terá que descobrir a identidade do sujeito que a está perseguindo e matá-lo antes que perca definitivamente sua vida, já que a cada assassinato ela acorda mais fraca no quarto de Carter.
Como antecipei, A Morte te dá Parabéns trabalha sua própria trama como metalinguagem. Assim como Pânico de Wes Craven, o filme consegue comentar com humor as marcas que tornaram o gênero célebre sem que a todo momento precise reforçar para o espectador que está fazendo um tipo de comentário sobre a sua própria estrutura narrativa. Há sacadas interessantes, como o fato de termos uma protagonista que está longe de representar o tipo ingênuo de heroína para esse tipo de filme apresenta. Tree tem um comportamento socialmente reprovável a olhos conservadores e superficiais, rasgando qualquer padrão moral.
Apesar da proposta despertar o interesse e a simpatia do espectador, o longa acaba cansando com sua estrutura de repetição dos eventos, além de estranhamente descartar por alguns momentos o seu caráter metalinguístico sobretudo quando sua história gradualmente chega a uma resolução. Claro que deseja ser puro entretenimento, mas esse objetivo falha quando o seu realizador parece perder de vista as ferramentas necessárias para atingir tal meta. Como foi feito, A Morte te dá Parabéns fica no meio termo.
Happy Death Day, 2017. Dir.: Christopher Landon. Roteiro: Scott Lobdell. Elenco: Jessica Rothe, Israel Broussard, Ruby Modine, Charles Aitken, Laura Clifton, Jason Bayle, Rob Mello, Rachel Matthews, Ramsay Anderson, Brady Lewis, Phi Vu. Universal, 96 min.
Assista ao trailer:
Happy Death Day, 2017. Dir.: Christopher Landon. Roteiro: Scott Lobdell. Elenco: Jessica Rothe, Israel Broussard, Ruby Modine, Charles Aitken, Laura Clifton, Jason Bayle, Rob Mello, Rachel Matthews, Ramsay Anderson, Brady Lewis, Phi Vu. Universal, 96 min.
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