Em cartaz no Brasil com Thor: Ragnarok e Manifesto, a australiana Cate Blanchett é uma das atrizes mais celebradas da sua geração. Os dois lançamentos da semana com a vencedora de duas estatuetas do Oscar são um demonstrativo da versatilidade da atriz. Se em Thor: Ragnarok ela cede aos encantos do cinemão de super-heróis da Marvel dando vida à poderosa vilã Hela, em Manifesto, filme experimental de Julian Rosenfeldt, a atriz interpreta 13 personagens que representam movimentos artísticos em 13 diferentes monólogos.
Aproveitando que o momento é de Cate Blanchett, o Chovendo Sapos elencou seus cinco desempenhos preferidos da atriz. Acompanhe nosso ranking:
# 05. Jasmine em Blue Jasmine (2013)
Dir.: Woody Allen
Em Blue Jasmine, Cate Blanchett personifica uma elite novaiorquina na pele da falida socialite Jasmine que chega em São Francisco para morar com a irmã, interpretada por Sally Hawkins, após ir à falência por obra de manobras desastrosas do seu esposo durante a crise financeira de 2008. Pelo desempenho em Blue Jasmine, Blanchett, inserida numa versão "alleniana" de Um Bonde chamado Desejo, venceu o segundo Oscar da sua carreira, agora como melhor atriz (anteriormente ela havia ganhado a estatueta de melhor atriz coadjuvante por O Aviador, de Martin Scorsese). No filme de Allen, Blanchett lida magistralmente com a instabilidade da sua personagem, adicionando pitadas corrosivas de humor em seus comentários enérgicos sobre a vida simples e sem maiores ambições da sua irmã.
# 04. Jude em Não Estou Lá (2007)
Dir.: Todd Haynes
Gênero não é limite para uma atriz como Cate Blanchett. Quando o diretor Todd Haynes concebeu sua livre biografia do músico Bob Dylan, interpretado em diferentes segmentos por diversos atores, não exitou em chamar a atriz para interpretar Jude, uma das versões do ídolo da música. Durante todo o seu segmento, Blanchett incorpora Dylan com direito a uma clássica reprodução de uma coletiva de imprensa do músico. Blanchett interpreta a versão de Dylan dos anos 60 quando ele passou a usar guitarras elétricas em sua música e gerou reações adversas dos fãs. A interpretação da atriz consegue dar sustentação à transgressão artística e comportamental do Dylan do período. Perfeição.
# 03. Carol Aird em Carol (2015)
Dir.: Todd Haynes
Com sua vida relativamente confortável, visível em vestígios como suas roupas e ambientes sofisticados onde circula, Carol Aird seria uma personagem corrente na carreira de Cate Blanchett tendo em vista que a atriz é constantemente chamada para encarnar esse tipo de personagem. No entanto, as camadas da protagonista de Carol possibilitaram a Blanchett trabalhar profundamente a psicologia de uma mulher por trás de toda uma máscara social, sobretudo quando Carol passa a encarar o preconceito de uma sociedade ao assumir seu relacionamento com a balconista Therese Belivet, de Rooney Mara. Carol rendeu um dos desempenhos mais sedutores da carreira de Blanchett, mas também uma das interpretações mais sensíveis da sua trajetória até então.
# 02. Tracy em Sob o Efeito da Água (2005)
Dir.: Rowan Woods
No currículo de Cate Blanchett, o drama australiano Sob o Efeito da Água é um dos seus trabalhos menos conhecidos. No entanto, o filme merece ser conhecido por um público mais amplo. No longa, a atriz interpreta Tracy, uma mulher tentando pôr a vida nos trilhos após passar quatro anos afastada da heroína. Na medida em que alguns acontecimentos tomam conta da vida de Tracy, Blanchett passa a apresentar nuances e a levar sua personagem a lugares sombrios, testando sua resistência ao vício. O drama representa um ponto importante na carreira da atriz, afinal, vemos a australiana fazer um tipo de personagem que se afasta por completo de tipos como Carol Aird ou Jasmine, por exemplo.
# 01. Elizabeth I em Elizabeth (1998)
Dir.: Shekhar Kapur
Praticamente revelada ao mundo quando deu vida a Rainha Elizabeth I em Elizabeth, Blanchett tem um dos pontos altos da sua carreira nesse filme que lhe rendeu sua primeira indicação ao Oscar - e que, certamente, merecia uma vitória não fosse o infortúnio Gwyneth Paltrow e Shakespeare Apaixonado em seu caminho (e isso não é uma ressalva de desdém ao filme ou à atriz pois defendo o valor de ambos). Como uma jovem do campo que subitamente assume o trono e tem que aprender a lidar com as pressões de um posto tão alto em sua vida, Blanchett está brilhante no filme, conseguindo oscilar entre a vulnerabilidade e força desta mulher, mas também encontrar interessantes variações entre esses dois extremos. A interpretação de Blanchett em Elizabeth foi tão marcante que a atriz retornou à personagem em outro momento da sua vida com Elizabeth: A Era de Ouro, de 2007, sendo indicada ao Oscar de melhor atriz pela sua encarnação da monarca pela segunda vez.
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