Depois que ganhou o Globo de Ouro de melhor ator coadjuvante por sua interpretação em Animais Noturnos, de repente, Aaron Taylor-Johnson virou um dos nomes mais visados da indústria. Nada mais natural. Uma das principais funções da temporada de prêmios é mesmo construir ou alavancar carreiras e tornar visados filmes que talvez sem a forcinha dos troféus jamais teriam vez, ainda mais em tempos tão difíceis para o cinema americano que não se enquadra nas franquias de super-heróis. Na Mira do Atirador é um esforço de colocar mais um "tijolinho" na carreira de Taylor-Johnson e aqui ele não deixa de se sair bem e ter os seus momentos, afinal o filme é todo centrado nas ações do seu personagem, mas o destaque mesmo vai para a direção de Doug Liman, diretor que mais uma vez comprova sua habilidade de trafegar por propostas bem diversificadas, adaptando-se às demandas particulares de cada um dos seus projetos.
Na Mira do Atirador se passa nos dias que sucederam a declaração do fim da guerra dos EUA contra o Iraque. Aaron Taylor-Johnson interpreta um soldado americano que junto com seu colega, vivido pelo ator John Cena (de Busca Explosiva), acaba sendo alvo de um exímio atirador iraquiano. Feridos, com dificuldade de comunicação, já que o atirador acaba interceptando suas conversas com bases externas, e tendo apenas uma muralha de tijolos de pedra para se proteger das investidas inimigas, os soldados devem encontrar um meio de sair da situação.
O filme é um projeto de recursos mínimos. Poucos atores em cena e um único cenário fazem com que a habilidade de Liman como contador de história seja testada ao extremo. Diretor de longas de propostas tão díspares quanto A Identidade Bourne, Jogo de Poder e No Limite do Amanhã, aqui, Liman opera pela chave do "filme de sobrevivência" no qual seus poucos personagens movem esforços até o fim para se desvencilhar de uma situação limítrofe. Assim, um dos pontos altos de Na Mira do Atirador é a maneira como o filme constrói sua tensão crescente na dinâmica estabelecida entre o inteligentíssimo atirador iraquiano e seus personagens americanos, sobretudo o sargento interpretado por Taylor-Johnson.
Como nem tudo são flores no resultado desse longa, a história derrapa quando seu roteiro tenta construir algum drama envolvendo o passado militar do personagem de Taylor-Johnson ou quando oferta uma sacada abrupta para o mesmo ao final do terceiro ato. De ganho, além da atmosfera de tensão construída durante toda a projeção, é o olhar do roteirista Dwain Worrell e do próprio Liman , ambos americanos, para a guerra no Iraque, constatando ao fim do seu pequeno e simples filme aquilo que muitos anos atrás já se falava sobre o conflito e sobre a postura americana no mesmo: subestimaram demais o inimigo e esse é um dos principais erros em qualquer guerra.
The Wall, 2017. Dir.: Doug Liman. Roteiro: Dwain Worrell. Elenco: Aaron Taylor-Johnson, John Cena, Laith Nakli. H20 Filmes, 88 min.
Assista ao trailer do filme:
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